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Ato solene realizado nesta quinta-feira (2/12) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo debateu a transformação do prédio do antigo DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna) em um Centro de Memória e Memorial às Vítimas da Ditadura Militar. O evento foi organizado pelo deputado Emídio de Souza (PT).

O deputado abriu os trabalhos explicando o objetivo da solenidade. "Esse ato solene tem como objetivo chamar a atenção do povo de São Paulo para a destinação a ser dada à antiga sede do DOI-CODI", disse. "O conjunto de três prédios na rua Tutóia abrigou um dos maiores centros de repressão durante a ditadura militar. A nossa luta é para que o local se transforme num centro de memória", falou.

No próximo dia 9, encerra-se o prazo para o governo de São Paulo apresentar proposta de uso do complexo do antigo DOI-Codi. O Ministério Público de São Paulo quer usar o espaço como um memorial, enquanto o governo quer manter a delegacia no local.

Marlon Alberto Weichert, procurador regional da República do Ministério Público Federal, explicou que a transformação do complexo é a oportunidade de falar da história do Brasil. "Transformar o antigo DOI-Codi em um centro de memória não deveria ser um tema de preocupação, por exemplo, das forças armadas, que percebemos uma certa resistência que falar da memória da ditadura é falar mal das forças armadas", disse. "A oportunidade de falar do DOI-Codi é falarmos da história do Brasil", disse.

Arnobio Rocha, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), relembrou casos recentes, que, segundo ele, são comparáveis a tortura. "Ontem [quarta, 1º/12], completou dois anos da tragédia de Paraisópolis. Essas coisas continuam acontecendo hoje e precisamos ficar alertas", falou. "Aquilo que aconteceu no passado não conseguimos passar a limpo e continua acontecendo no presente", disse.

Ele também citou o caso do rapaz que foi algemado e puxado pela moto de um policial, na zona leste de São Paulo. "É um caso evidente e claro de tortura. A tortura continua permanente. Infelizmente é a forma que as forças de segurança encontram pra humilhar e expor as pessoas", falou.

O deputado Emídio de Souza afirmou que o Brasil possui um problema com a verdade. "Nós temos um problema: não tivemos um encontro com a verdade. A ditadura militar no Brasil foi superada por um acordo feito por cima, e isso significou uma série de concessões de não punição a quem praticou tortura, resultando no país que nós temos hoje", disse.

Ele ainda falou dos países que negligenciaram a história e também estão passando por esse problema. "Os países que agiram assim tão passando pelo mesmo problema, como o Chile, com uma ameaça de voltar à extrema-direita no país", falou. "O Brasil tem problema com a memória, a ditadura tenta se apagar o tempo todo", concluiu.