Ato solene realizado nesta segunda-feira (21/2) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo prestou homenagem às vítimas do holocausto, que levou ao extermínio de ao menos seis milhões de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial, entre os anos de 1939 e 1945. A Assembleia Geral das Nações Unidas fixou o dia 27 de janeiro como o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto. O evento foi organizado pelo deputado Paulo Fiorilo (PT) e promovido em conjunto com o Consulado de Israel. Na Alesp, está previsto a votação nesta semana da urgência do Projeto de Lei 652/2021, de autoria do deputado Heni Ozi Cukier (Novo), que proíbe, em todas as escolas públicas ou privadas, o ensino ou a abordagem disciplinar do holocausto sob a visão negacionista ou revisionismo histórico. Se aprovado pelas lideranças, a intenção é convocar uma reunião conjunta de comissões, para análise da proposta, e levá-la a discussão e votação em Plenário virtual. Para ser aprovado na Alesp, o projeto precisa da maioria dos votos favoráveis de 48 parlamentares votantes. O deputado Paulo Fiorilo ressaltou a importância da solenidade e a necessidade de relembrar esse acontecimento. "Esse ato solene tem uma importância muito grande. O dia em memória às vítimas do holocausto tem como lema ?lembrar para jamais esquecer?, mas, após tristes e lamentáveis episódios, aqui mesmo no Brasil, nosso lema deve ser ?lembrar para nunca mais acontecer?", falou. O parlamentar contou que atualmente "há quem tente negar, distorcer, com sua irresponsabilidade, movimentos racistas e xenófobos", disse. O cônsul-geral de Israel no Estado de São Paulo, Rafael Erdreich, alertou sobre a necessidade de estar sempre atento a ideologias e discursos de ódio. "É fundamental que nós, enquanto membros de uma sociedade democrática e de respeito às liberdades individuais e coletivas, estejamos sempre vigilantes frente a ideologias e discursos de ódio", falou. O presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Marcos Knobel, afirmou que a data não é só para lembrar a perda de mais de seis milhões de pessoas, mas também honrar e homenagear os sobreviventes. "Esse é um dia para lembrarmos a perda de mais de seis milhões de judeus mortos, mas também honrar e homenagear os sobreviventes de todo mundo que, com muita coragem e fé, reconstruíram suas vidas, constituíram famílias e relataram pessoalmente os momentos de resistência nos campos de concentração", disse. Knobel julgou a importância da indignação da sociedade com quem defende o nazismo. "Os últimos acontecimentos referentes a esse assunto mostraram que não só a comunidade judaica se revoltou com as posições nazistas defendidas, mas a sociedade como um todo quer esse basta", falou. O professor e sobrevivente do holocausto George Legmann deu o exemplo do que a Alemanha está fazendo em relação às novas gerações. "A Alemanha entendeu e estão ensinando às novas gerações o que aconteceu, mostrando todos os campos de extermínio", disse. "É importante essa data ser sempre relembrada e dialogada com a juventude. A história foi escrita e a história não mente", completou. O deputado Luiz Fernando (PT) explicou que a união é necessária nesse momento. "Precisamos nos unir e dizer: chega. Isso é uma fagulha que, se bobearmos, vira um incêndio", disse. "Quero dizer a toda comunidade judaica que a Assembleia Legislativa está aberta para que a gente possa levar esse debate pra dentro da Casa de forma permanente", completou. Autor da proposta que proíbe a abordagem disciplinar do holocausto de forma negacionista ou revisionista nas escolas, o deputado Heni Ozi Cukier contou que "revisar o nazismo é simplesmente flertar com criminalidade". "Além da atrocidade, estamos tratando de um crime. Essa discussão é sobre crimes. Recentemente assistimos discussões sobre liberdade de expressão e liberdade de expressão não pode aceitar crimes", falou. "Qualquer tentativa de aceitar o holocausto e revisar o nazismo é simplesmente flertar com criminalidade", disse. A deputada Maria Lucia Amary (PSDB) também esteve presente na solenidade.