A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo promoveu, nesta terça-feira (25), o Seminário "Racismo Institucional no Ambiente Escolar". Solicitado pelo deputado Teonilio Barba (PT) e realizado com o apoio do "SOS Racismo" e do Instituto do Legislativo Paulista (ILP), o encontro recebeu representantes da política, do meio educacional e de instituições que relataram casos de discriminação e soluções para contornar o problema. A ideia do evento surgiu a partir de uma série de denúncias recebidas pela Alesp entre abril e dezembro de 2023.

"É importante reconhecer casos de racismo nas escolas que ocorrem entre estudantes, profissionais da educação e forças da segurança pública, que muitas vezes atuam dentro do ambiente escolar. Pensar em como as escolas vão ser ativamente antirracistas também é muito importante", disse a deputada Paula da Bancada Feminista (Psol).

A parlamentar comentou, ainda, sobre um Projeto de Lei, de sua autoria, para a criação do prêmio "Maria Firmina dos Reis", em homenagem à primeira romancista brasileira, que tem o objetivo de reconhecer iniciativas de luta contra o racismo.

Velado

"O racismo ocorre de forma velada e permissiva no ambiente escolar e é colocado como se fosse um bullying ou uma brincadeira, embora não seja. [A escola] é o espaço onde mais acontece, até mesmo por conta da falta de conhecimento técnico, racial e legal", apontou a psicóloga do Centro de Referência e Promoção da Igualdade Racial (CRPir), Vilma Ribeiro.

De acordo com Vilma, existem dois tipos de racismo no ambiente escolar: recreativo e estrutural. O primeiro ocorre entre os alunos, quando eles prejudicam a autoestima e a capacidade cognitiva do colega por meio de brincadeiras discriminatórias. Já o segundo caso ocorre quando a escola é conivente, produzindo, por exemplo, um material didático excludente com imagens enviesadas do indígena ou do negro.

Relatos

Durante o encontro, alguns convidados relataram vivências de racismo em escolas das redes pública e privada. O estudante Paulo Victor Arjoni contou diversas situações nas quais sofreu crime de racismo. "Agradeço muito por ter sempre amigos que me apoiaram muito e pais que me ajudaram a sempre passar por essa situação. Lógico que isso afeta muito o nosso lado psicológico e emocional", desabafou.

Por sua vez, a professora de educação infantil Vanessa Dantas relatou um caso de discriminação cometido por uma professora contra um estudante, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. "Na época, a gestão tentou minimizar aquela situação, mas isso não é picuinha de professor. Isso é uma questão racial e é um problema que permeia desde a infância. As crianças têm que ser protegidas", disse Vanessa.

Presenças

A Mesa do evento ainda contou com a participação de Carlinda Carvalho, advogada e mãe da aluna Lorena; Enrico Rocha, ex-conselheiro tutelar e consultor em Políticas Públicas e Direitos Humanos da criança e do adolescente; Thiago Alberto Soares, técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e mestre em Saúde Pública; Matilde Ribeiro, ex-ministra e professora da UNILAB; Simone Nascimento, coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado (MNU); Sirleni da Silva, representante do Ministério Público de São Paulo na área da Infância e Juventude.

Assista ao evento, na íntegra, na transmissão feita pela TV Alesp:



Mais imagens do evento: https://www.flickr.com/photos/assembleiasp/albums/72177720318227295/with/53814754987