ILP realiza debate sobre relações entre nutrição e Transtorno do Espectro Autista

Encontro foi o terceiro evento do ciclo realizado em parceria com Instituto DEAF1; Pesquisas nutricionais, saúde gastrointestinal e atenção multidisciplinar foram os principais temas tratados
30/10/2024 18:43 | Neurodiversidade | Gabriel Eid - Fotos: Reprodução / YouTube

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Instituto Legislativo Paulista<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-10-2024/fg337247.png' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Debate e troca de experiências<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-10-2024/fg337235.png' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O Instituto do Legislativo Paulista, em parceria com o Instituto DEAF1, realizou, nesta quarta-feira (30), o terceiro evento sobre pesquisas em nutrição relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Crianças e adolescentes autistas possuem um considerável quadro de sintomas gastrointestinais, seletividade alimentar e dificuldade na absorção de nutrientes, como os carboidratos.

No caso da dificuldade de absorção de carboidratos, é comum a introdução de uma dieta cetogênica, marcada pela redução da ingestão de carboidratos e pelo aumento na quantidade de gorduras ingeridas, além da regulação do teor proteico. Dietas como essa podem ter resultados no controle de comorbidades muito presentes em pessoas com TEA, como a epilepsia. Um dos objetivos do encontro foi discutir essas questões a partir da experiência de especialistas e mães atípicas.

Médica especializada em TEA e nutrição, Simone Pires, foi uma das debatedoras. Ela defendeu que a atenção voltada a essa população deve unir diferentes profissionais da saúde e considerar as especificidades de cada caso. "Eu sempre falo que não existe uma dieta única, mas sim uma dieta individual", afirmou. Entre os profissionais que precisam estar envolvidos no processo de atenção à criança e ao adolescente com TEA, estão médicos, nutricionistas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.

Nutricionista especializada em autismo e doenças raras, Gabriele Côrrea reforçou a importância desses profissionais. "A gente precisa de uma equipe multidisciplinar porque não dá para trabalhar sozinho. E precisamos de políticas públicas e pesquisas voltadas para esta equipe", pontuou.

Dieta

Gabriele Côrrea também defendeu que problemas gastrointestinais - se não tratados corretamente com acompanhamento profissional e dieta adequada - podem gerar estresse e perdas cognitivas para a criança autista. "Quando a gente modifica e ajusta a nutrição, aumenta a qualidade de vida e o nível de suporte", explicou.

Nutricionista e representante do Centro Universitário São Camilo, Karoline Taques acrescentou que alterações bruscas na dieta não costumam ter bons resultados e que mudanças tem que ser bem planejadas e pensadas. "Todas nós, como mães de autistas, sabemos que nada funciona se chegar e falar para mudar de uma hora para a outra a dieta. A ideia é fazer as coisas de uma forma gradual e que também permita que o sistema gastrointestinal vá se adaptando."

Assista a transmissão completa do evento, realizada pela TV Alesp:

Dificuldades

Representante do Instituto Síndrome de Mowat Wilson, Marília Mizuno é mãe de uma criança que possui a síndrome marcada por sintomas como a constipação. Sobre isso, ela reforça a importância do apoio profissional para evitar problemas relacionados. "A expressão 'enfezado' vem justamente da dificuldade de eliminar as fezes. Não conseguir fazer isso incomoda, atrapalha e prejudica o comportamento", afirmou.

Representante da Família Glut1, Angélica Takemi reforçou a importância do encontro para trazer informações para as famílias e compartilhar experiências. Ela também é mãe de uma criança autista que precisa de uma dieta especial: "O alimento mudou toda a nossa história. Às vezes, eu paro para pensar em como seria nossa vida se demorasse mais um pouco para ter o diagnóstico."

Conhecimento

A mediação do evento foi realizada por Ana Karine Bittencourt, representante do Instituto DEAF1. Ela defendeu a pesquisa e a formação envolvendo nutrição e TEA. "Que esse conhecimento não seja só nosso, mas de todo mundo. Que todo consultório esteja preparado para isso", afirmou.

O curso é uma contribuição da Alesp e do Instituto DEAF1 para o debate temático dos ODSs n°3 (Saúde e Bem-Estar) e n°10 (Redução das Desigualdades) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas.

alesp