Cuidado para quem cuida: políticas públicas podem garantir suporte psicológico para todas as mães
11/05/2025 08:00 | Apoio | Giullia Chiara - Fotos: Larissa Navarro, Agência Alesp e arquivo pessoal





"Eu descobri quando veio um sentimento de frustração por não conseguir cuidar do meu filho como eu imaginei que seria. Entrei em tristeza profunda, chorava. Eu esperava ter a minha mãe do meu lado e um dos gatilhos foi esse, porque, no mesmo período que ganhei meu filho, ela foi internada com meningite. Apesar disso eu tentava fazer o meu melhor e seguir todas as recomendações que a pediatra passava, na medida do possível."
Esse relato é da representante comercial Gisele Alves, de 43 anos. Ela sofreu de depressão pós-parto em 2004, quando teve seu primeiro filho. Segundo ela, na época, as informações sobre o assunto não eram claras. "Quando a assistência social foi na minha casa, eles falaram que era normal. Eles foram três vezes, mas eu acredito que, naquela época, o auxílio não foi suficiente, foi limitado", relata.
Segundo o Instituto Fiocruz, cerca de 10% das grávidas e 13% das mulheres no pós-parto sofrem de algum problema relacionado à saúde mental, como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, psicose pós-parto, transtorno de pânico e fobias. A construção de políticas públicas que ampliem a assistência a essa parcela da população é fundamental para amenizar o sofrimento dessas mães.
Apesar de ainda existir um estigma sobre o assunto, Gisele comemora a compreensão atual sobre o tema. "A mulher que passa por isso não está sozinha. Às vezes nos sentimos assim, mas não estamos. Hoje, sabemos que existem muitas formas de tratamento, como terapia online, redes de apoio e grupos de mulheres que passam por essa situação, que ajudam a compreender e acolher, sem julgamentos."
Informação e acolhimento
"Como todas as depressões, a depressão pós-parto é multifatorial. Falar dessa questão exige muita delicadeza e sensibilidade para não corrermos o risco de novamente culpabilizar a mãe, que, nesse e em todos os outros momentos, está lidando com muitas sobrecargas", afirma a psicóloga e idealizadora do projeto Casa de Marias, Ana Barros.
Ela explica que alterações de humor; perda de interesse ou prazer; falta de motivação para cuidar do bebê ou de si mesma; alterações no sono e apetite; cansaço extremo; dificuldade de concentração; perda de memória; sentimentos de inadequação como mãe; e culpa por não conseguir lidar com o bebê ou por não se sentir feliz são os sintomas mais comuns relacionados ao transtorno. "Pensamentos de morte ou de prejudicar o bebê podem ser perigosos e exigem ajuda imediata", alerta a especialista.
A psicóloga cita ainda que a terapia durante e após a gestação, assim como manter uma rede de apoio, são fatores fundamentais para ampliar a sensação de amparo e suporte à mãe. "Mas é claro que, quando falamos dessas duas coisas, estamos, necessariamente, falando de questões de classe, raça e território. Afinal, ser uma mãe branca de classe média não é o mesmo que ser uma mãe preta e pobre. Todos esses vieses contam quando falamos em saúde mental", destaca.
"Por isso, a importância de políticas públicas em Saúde, para que todas as mães possam usufruir dos mesmos benefícios e condições para cuidar da saúde mental nesse momento de tantos desafios que é a chegada de um bebê", completa.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um serviço público que oferece o pré-natal. Segundo Ana Barros, esse acompanhamento periódico e multiprofissional oferecido gratuitamente pela rede pública é essencial para todas as gestantes.
Existem também organizações não governamentais que trabalham com mulheres e oferecem apoio psicológico gratuito, como a própria Casa de Marias, inaugurada em fevereiro de 2020. Ana explica que a iniciativa nasceu de um desejo, mas também de uma necessidade por um espaço de saúde mental que olhasse com atenção para questões de classe, gênero, raça e território.
A Casa de Marias atende mulheres de baixa renda, negras, periféricas, indígenas, imigrantes, refugiadas, quilombolas, militantes e ativistas.
Maternidade atípica
Além do recorte social, pesquisas sugerem que a saúde mental de mães de crianças atípicas costuma ser mais afetada. Um estudo, realizado pela Universidade de São Francisco, na Califórnia, e publicado pela revista acadêmica Family Process, aponta que 50% das mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentaram níveis elevados de sintomas depressivos durante um período de 18 meses, enquanto de 6% a 13% das mães de crianças com desenvolvimento típico manifestaram os mesmos sintomas.
A Frente Parlamentar de Apoio às Mães Atípicas, coordenada pelo deputado Atila Jacomussi (União), é uma das iniciativas da Casa que visa promover ações e debates destinados à causa. O deputado ainda é autor da Lei 18.007/2024, que institui a "Semana Estadual da Maternidade Atípica" a ser celebrada na terceira semana de maio.
Maio Furta-Cor
A campanha "Maio Furta-Cor" institui o mês da conscientização e incentivo do cuidado da saúde mental materna. No Estado de São Paulo, a data foi oficializada pela Lei 17.937/2024, originada por meio do Projeto de Lei nº 757/2023 - de autoria dos deputados estaduais Capitão Telhada (PP), Marina Helou (Rede) e Letícia Aguiar (PP).
O furta-cor foi escolhido por ser uma tonalidade que se altera de acordo com a luz que recebe, não tendo uma cor absoluta, assim como o espectro da maternidade, que abrange diversas experiências e singularidades.
Além da propositura sancionada no ano passado, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo promoveu um painel de discussão sobre o tema, reunindo parlamentares e especialistas com o objetivo de dar visibilidade ao assunto.
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