Erosão e Assoreamento do solo impactam a segurança hídrica e o planejamento urbano de São Paulo

Evento online do Instituto Legislativo Paulista discutiu os desafios e as soluções sustentáveis para conservação dos recursos hídricos no estado
22/05/2025 16:57 | Problemas ambientais | Fernanda Franco - Fotos: Agência Alesp e Reprodução/YouTube

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Debate promovido pelo Ciclo ILP + IPT<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2025/fg345544.png' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Pesquisadores discutem impactos e soluções<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2025/fg345505.png' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A erosão do solo e o assoreamento dos rios, dois problemas que ameaçam a segurança hídrica, a infraestrutura e a qualidade de vida da população paulista, foram temas da palestra online realizada nesta quarta-feira (21) pelo Instituto Legislativo Paulista (ILP), em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O evento abordou os impactos e as estratégias para prevenção e controle desses processos, com ênfase na segurança da população e no planejamento sustentável para que os municípios possam crescer.

O encontro integra esforços da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e do IPT em torno da Agenda 2030 da ONU. Com mediação do representante do IPT, Gerson Salviano, o evento reuniu pesquisadores, técnicos e gestores públicos que discutiram experiências, soluções e a urgência de investimentos e políticas públicas voltadas à conservação do solo e da água no estado.

Impactos da erosão e assoreamento

Assoreamento é o acúmulo de sedimentos (terra, areia, rochas, lixo e outros materiais) no fundo e no leito dos rios. Já a erosão pluvial é um processo geológico natural de desgaste do solo causado pela água da chuva. Esse desgaste pode ser agravado pela ação humana, com avanço desordenado das cidades, pelo uso inadequado do solo e pelas falhas no manejo das águas. "Esse é um problema mundial, mas São Paulo tem vários pontos com grande potencial de erosão", apontou Salviano.

De acordo com o responsável pelo Departamento de Recursos Hídricos da Agência de Águas do Estado de São Paulo (SPÁguas), Alexandre Liazi, os processos erosivos levam ao carreamento de sedimentos para os sistemas de drenagem, provocando o assoreamento dos rios, aumentando o risco de inundações e reduzindo sua capacidade de retenção de água para abastecimento da população, irrigação e indústrias.

"Quando a erosão já aconteceu, as únicas duas opções é corrigi-la ou conviver com ela através de obras de conservação em áreas urbanas. Por isso, a gente tem que, principalmente, prevenir e evitar que elas aconteçam. Sem prevenção e um planejamento urbano e rural adequado, teremos cada vez mais corpos d'água assoreados e menos capacidade hídrica", apontou Liazi.

Planejamento e tecnologia

A importância do planejamento foi um dos pontos mais enfatizados pelos participantes. O pesquisador do IPT, Claudio Luiz Ridente Gomes, apresentou alternativas para esses problemas, como a restauração da geometria original do terreno, a recuperação com restrições de uso e a estabilização, que convive com a feição erosiva, porém controlada.

Gomes também chamou a atenção para erros comuns na execução de obras sem o devido respaldo técnico. "A ausência de estudos geológicos, hidrológicos e hidráulicos adequados pode gerar novos processos erosivos ou reativar antigos. Isso resulta em desperdício de dinheiro público e danos ao meio ambiente", afirmou.

Comitês de Bacia Hidrográfica

O diretor-presidente da Fundação Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (FABHAT), Hélio Suleiman, destacou a importância dos comitês de bacia hidrográfica que atuam como "parlamentos da água" no Estado. Atualmente, São Paulo está dividido em 22 UGRHIs e 21 comitês, apoiados financeiramente pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro).

"Esses comitês são fundamentais para a gestão participativa e descentralizada da água, envolvendo sociedade civil, governos e o setor privado. A água é a espinha dorsal do desenvolvimento econômico, social e ambiental de qualquer cidade", pontuou.

O representante do Comitê da Bacia do Alto Tietê, Valburg de Souza Santos Júnior, trouxe uma perspectiva prática das ações adotadas na região da UGRHI-6, que atende a 70% da população paulista. "Mais de 21 milhões de pessoas dependem diretamente dessa bacia, e o planejamento é fundamental para enfrentar os desafios do assoreamento e da erosão", afirmou.

Propostas

Entre as propostas apresentadas no evento, está o fortalecimento da parceria entre o IPT, SP Águas e os comitês das bacias, além da difusão de conhecimento técnico por meio de cursos e capacitações. Os especialistas também defenderam o engajamento de parlamentares nas frentes de ação para garantir mais recursos e políticas públicas com base técnica.

"Todos nós estamos trabalhando com um único objetivo: o bem-estar da população. Trazer a Alesp para dentro dessas discussões é essencial para transformar o conhecimento técnico que a gente tem em ações concretas", resumiu o diretor Suleiman.

Assista à transmissão da palestra, na íntegra, realizada pela Rede Alesp:

alesp