Parceria entre Fundação Florestal e USP vai avaliar estoques de carbono dos mangues paulistas
26/07/2025 10:21 | Dia Mundial de Proteção aos Manguezais | João Pedro Barreto - Foto: Divulgação Fundação Florestal; Guilherme Abuchahla






Os manguezais paulistas serão alvo de um estudo inédito no país. A Fundação Florestal (FF), em parceria com o Centro de Pesquisa em Carbono na Agricultura Tropical (CCarbon), da USP, vai realizar uma pesquisa com o intuito de avaliar e mapear os estoques de carbono do ecossistema.
Os mangues são conhecidos por serem sumidouros de carbono azul, aquele retido por ecossistemas marinhos e costeiros. Isso se dá pela alta capacidade de armazenar matéria orgânica não só acima da superfície, nos troncos e folhas - chamada de biomassa aérea -, mas também no solo. Além de estimar a quantidade de carbono armazenado, o objetivo da pesquisa é mensurar o valor dos serviços prestados pelo ecossistema à humanidade.
"O propósito desse inventário de carbono é valorar o serviço que o manguezal está provendo para a sociedade. É uma inovação que a gente consegue trazer e, para a gestão pública, é muito importante ter essa dimensão para a gente fazer políticas de compensação ou trazer atores que estejam interessados em financiar ações de conservação, justamente por ter um valor econômico", explica a oceanógrafa e monitora do Programa de Gestão Integrada de Manguezais - ligado à FF e responsável pela pesquisa -, Julia Lima.
"A gente sabe que o manguezal é importante, que ele faz esse trabalho, mas poder quantificar ajuda muito nas ações. Será possível comparar bosque a bosque e ver quais estão mais vulneráveis ou que possuem mais potencialidade", complementa ela.
A pesquisa vai recolher, em campo, 2 mil amostras de solo por todo o litoral paulista. O CCarbon será responsável por processar o material em laboratório e produzir relatórios técnicos periódicos.
O convênio firmado entre Fundação Florestal e o grupo da USP terá duração de dois anos e tem o objetivo de dar um panorama sobre a situação dos mangues de São Paulo. As pesquisas sobre o solo serão feitas a cada cinco anos.
Ao todo, o estado possui cerca de 31 mil hectares do ecossistema, sendo que 14 mil estão localizados em unidades de conservação, sejam elas federais, estaduais ou municipais. A pesquisa irá analisar localidades dentro e fora dessas unidades, podendo assim compará-las. Julia explica que cada bosque de mangue é diferente entre si, podendo sofrer mais ou menos influência de ocupações urbanas ou da própria maré, o que pode afetar a retenção de carbono. Por isso, é tão importante retirar essas amostras para ter uma dimensão concreta do potencial do ecossistema.
"Quando falamos que florestas terrestres têm uma capacidade muito grande de produzir oxigênio e reter carbono, é no sentido da matéria orgânica nos troncos e folhas. Mas o que diferencia os manguezais é, justamente, pelo que está abaixo do solo. Temos estudos que mostram que há uma capacidade de sequestro e armazenamento de carbono quase cinco vezes maior do que em florestas terrestres. A matéria orgânica fica armazenada ali por muito tempo", conta Julia.
Ela diz que a compactação do solo faz com que seja possível coletar amostras com um metro de profundidade, repletas de matéria orgânica. Esse material é proveniente de árvores mortas e da grande presença de animais no ecossistema, que é conhecido como berçário da vida marinha.
Contaminação
Outro ponto que será analisado nas amostras coletadas pela Fundação Florestal é a quantidade de elementos tóxicos no solo dos manguezais. A compactação da matéria orgânica que dá a possibilidade de um maior armazenamento de carbono também traz uma desvantagem: a poluição que chega ao ecossistema demora muito mais para ser dissipada e sair do mangue. As análises, também feitas pelo CCarbon da USP, buscarão por elementos como arsênio, chumbo, cobre, mercúrio e zinco para atestar a qualidade do solo.
"Buscamos entender a taxa de contaminação, mas também se há diferenças dentro e fora de unidade de conservação ou entre uma região ou outra do litoral. Cruzando dados podemos concluir se onde está mais contaminado tem mais ou menos caranguejos, mais ou menos aves, mais ou menos vegetação, se a mata é mais fina, mais jovem ou mais alta. Essas conclusões vão direcionar a gestão pública", comenta Julia Lima.
"Queremos entender como as unidades de conservação ajudam. Queremos atestar se os manguezais das unidades são menos contaminados, porque isso traz argumentos para ampliarmos a proteção e a área dessas unidades ou criar novas também", completa a oceanógrafa. Ela explica que a Baixada Santista possui uma baixa cobertura de unidades de conservação no ecossistema, o que deixa a região no radar dos gestores para uma possível ampliação dessas áreas dependendo dos resultados da pesquisa.
1 ano de Programa
Neste 26 de julho, Dia Mundial de Proteção aos Manguezais, o Programa de Gestão Integrada de Manguezais completa um ano de existência. A portaria que criou o grupo especializado dentro da Fundação Florestal tinha o objetivo de promover e adequar ações de gestão específicas para conservar, recuperar, valorizar e gerar conhecimento sobre o ecossistema. Segundo Julia, esse objetivo vem sendo cumprido.
"Conseguimos trazer os manguezais para outro patamar de gestão. Trouxemos o ecossistema para um lugar de fala em discussões gerais, o inserimos em discussões que, antes, ele não ia chegar. Tivemos um fortalecimento da delimitação das unidades, da qualidade da gestão de forma geral. Como os mangues de São Paulo são pequenos em comparação com outros estados, tivemos a oportunidade de visitar todos os bosques dos nossos manguezais, ter contato com todos eles, e isso fortalece muito o programa, porque é uma gestão muito próxima", destaca Julia.
O Programa atua em quatro eixos temáticos: biodiversidade; bioeconomia; educação ambiental e comunicação; e pesquisa e enfrentamento às mudanças climáticas. O objetivo é expandir as ações e manter a atuação forte em temas como sustentabilidade econômica e combate a espécies exóticas.
"Tínhamos que ter o aspecto da bioeconomia, porque os manguezais possuem um potencial de valoração muito grande, mas há também muita gente que mora e depende dos manguezal, que ganha o seu sustento a partir de recursos pesqueiros do ecossistema", detalha a monitora do Programa.
A oceanógrafa explica ainda que a preservação dos mangues tem a capacidade não só de gerar recursos para as comunidades locais, mas também garante economia aos cofres públicos. "Nós poderíamos economizar um dinheiro tremendo com ações de mitigação e estratégias de adaptação climática se a gente investisse na conservação de um ecossistema que já está fazendo isso pela gente", defende Julia.
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