Educação midiática desperta senso crítico e responsabilidade digital em alunos
31/10/2025 18:00 | Ensino | Daiana Rodrigues - Fotos: Carlos Lima / Ilustração: professor Onezio Cruz
O Fórum Econômico Mundial apontou a desinformação como quarto risco global mais grave de 2025, ocupando o primeiro lugar nesse ranking para os próximos dois anos. Para frear esse cenário, governos, organizações e especialistas em Educação e Comunicação no Brasil e no mundo têm criado políticas públicas para evitar a disseminação de falsas notícias. Conhecidas como "fake news", muitas vezes elas são produzidas com auxílio de tecnologias de inteligência artificial (IA) e sempre com intenções enganosas.
Uma dessas políticas públicas é a "Semana Estadual de Educação Midiática". Instituída pela Lei 17.946/2024 do deputado Caio França (PSB), a iniciativa estabelece a promoção de uma programação com atividades e palestras especiais voltadas para o desenvolvimento de habilidades focadas na análise e no uso crítico, consciente e responsável das mídias impressas e digitais.
Realizada na última semana de outubro, a ação é voltada para professores, estudantes e todos os cidadãos, especialmente crianças e jovens, pois eles representam um terço dos usuários de internet no mundo, segundo pesquisa da Unicef de 2023.
De acordo com o projeto, um dos principais objetivos da Semana é formar uma sociedade capaz de identificar e combater as "fake news" a fim de tornar o ambiente digital mais seguro para exercer a liberdade de expressão - fundamental para o exercício da democracia e cidadania. A ideia é evitar a propagação de discursos de intolerância, bolhas informacionais, teorias da conspiração nos meios impressos e digitais.
"Educar em rede é tarefa da sociedade, cada ator social tem o seu papel. É preciso transformar a educação midiática em um conceito cultural de aprendizagem permanente e contínua que envolve crianças, jovens, adultos e idosos", explica Caio França.
A programação da Semana abrange discussões com especialistas de diversas áreas, especialmente educação e comunicação, sobre temas, como inteligência artificial, comunicação pública, produção de conteúdo, notícias falsas, cidadania e direitos no ambiente digital, dentre outros.
Currículo escolar renovado
A "Semana Estadual de Educação Midiática" foi inspirada nas diretrizes da "Semana Global de Alfabetização Midiática e Informacional" criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em 2011 no Marrocos.
Desde então, o debate em torno do tema foi adquirindo cada vez mais importância até que o Ministério da Educação tornou obrigatória a inclusão da educação digital nos currículos escolares de forma transversal ou como disciplina específica até 2026.
Uma das justificativas da medida são os dados da pesquisa TIC Educação de 2024, que mapeia como alunos, professores e gestores utilizam tecnologias digitais para ensino, aprendizagem e gestão escolar.
De acordo com o estudo, cerca de 92% dos professores entrevistados buscam de forma autônoma conhecimentos sobre o tema. Ainda que 54% deles tenham apontado que cursaram alguma formação sobre tecnologias digitais na educação, o indicador demonstra a necessidade de iniciativas pedagógicas que fortaleçam a formação de professores com as mídias e tecnologias digitais.
Casos de destaque
A ideia de formar alunos com "inteligência midiática" tem sido adotada em diversos municípios paulistas. Um exemplo é o Imprensa Jovem, projeto desenvolvido pelo Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação da cidade de São Paulo desde 2005. Coordenado pelo professor Carlos Alberto Lima, o Imprensa Jovem é uma agência de notícias em que mais de 2,5 mil alunos produzem conteúdos para rádio, revista, blogs e redes sociais voltados para a escola e a comunidade em que vivem.
Segundo Carlos Lima, criador da iniciativa, o Imprensa Jovem foi considerado referência mundial em alfabetização midiática e informacional pela Unesco. "O Imprensa Jovem contribui para o uso ético e seguro das mídias e tecnologias, ajudando não apenas a diferenciar informação verdadeira da falsa, mas também a combater o cyberbulling e a adultização. Isso ajuda crianças e adolescentes a terem uma visão melhor de como atuar no mundo", disse Lima.
Outro caso relevante é o "EducaMídia", maior programa de educação midiática do Brasil, que é promovido pela entidade Instituto Palavra Aberta. A iniciativa forma professores e estudantes para compreender melhor o funcionamento dos meios de comunicação, reconhecer os diferentes tipos de conteúdo e atuar de forma crítica, ética e segura no ambiente digital.
"No caso dos educadores é importante observar como eles aproveitam e engajam com os nossos cursos, já que essa é uma necessidade que ainda não está contemplada nos cursos de formação inicial docente. Portanto, tem sido uma experiência muito potente e exitosa, e sabemos que precisamos continuar porque ainda há muito a ser feito", disse Patrícia Blanco, presidente do Instituto Palavra Aberta.
Já o "#FakeTôFora", outra iniciativa do Instituto, é uma trilha de educação midiática composta por materiais pedagógicos que visa promover o debate sobre democracia na escola considerando o contexto em que vivemos. "Essa é uma temática fundamental para formarmos cidadãos nos dias atuais, sempre lembrando que esses temas não devem ser discutidos somente em anos eleitorais, mas sim de forma constante dentro de sala de aula", complementa Patrícia Blanco.
Debate público da Alesp
Em 2021, o Parlamento Paulista reuniu especialistas, professores, organizações e autoridades na audiência pública "O papel da educação midiática no combate à desinformação e fortalecimento da democracia". O debate público surgiu após o término dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Fake News (Notícias Falsas), realizada em 2020 na Alesp.
Os especialistas apontaram que as novas mídias trouxeram novos letramentos que incluem o acesso e análise de funções, aspectos e conteúdos impressos e digitais. As novas mídias também oportunizaram a criação e produção ativa de conteúdos e o surgimento da cultura participativa e colaborativa.
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