Diretora da Faculdade de Enfermagem da USP diz desconhecer trote ocorrido neste ano
25/02/2015 21:36 | Da Redação: Keiko Bailone Fotos: Maurício de Souza e Márcia Yamamoto
Em depoimento à CPI que investiga as violações dos direitos humanos e demais ilegalidades ocorridas no âmbito das universidades paulistas, nesta quarta-feira, 25/2, Diná Monteiro da Cruz, diretora da Faculdade de Enfermagem da USP, afirmou não saber do trote conhecido como "passo do elefantinho", ocorrido na instituição que dirige, no último dia 13/2. Segundo matéria publicada no Diário de São Paulo, alunos recém-chegados à Faculdade de Enfermagem " cerca de 77 " formaram fileiras e, quase de joelhos, de mãos dadas por baixo da genitália do companheiro da frente, seguiram até a estação do Metrô Clínicas; além disso, nos semáforos, pediram dinheiro às pessoas.
O presidente da CPI, deputado Adriano Diogo (PT), acompanhado dos deputados Sarah Munhoz (PCdoB), Dr. Ulysses (PV) e Marco Aurélio (PT), apresentou a notícia e um vídeo do ocorrido. Diná e a professora Vilanice de Araújo Pünschel, presidente da Comissão de Graduação dessa mesma instituição, reiteraram a negativa. Diná respondeu "não vi", apesar de confirmar que se encontrava na faculdade naquele dia. Vilanice afirmou que só soube do ocorrido quando chegou para depor na comissão e foi avisada que seria questionada sobre esse fato pela deputada Sara Munhoz. "Daqui, eu liguei para a secretária da Comissão de Graduação e ela me informou que os alunos haviam dito que se tratava de uma brincadeira, só foram pintados os alunos que consentiram e que não havia tido qualquer situação de constrangimento", resumiu.
Diogo e Sarah observaram que o fato quebrava acordo firmado pelos membros da CPI com o reitor da USP, Marco Antonio Zago, sobre a não realização de trotes na recepção aos calouros da Faculdade de Medicina. A deputada comunicou aos presentes que o próprio Zago havia telefonado a ela e comentado: "Medicina controlou; e a Enfermagem?"
Diná Cruz prometeu averiguar as informações passadas pela comissão, afirmando que se tratava de um desafio, já que a convivência universitária teria de atender às necessidades de jovens que são muito diferentes dos de antigamente. O presidente da CPI cobrou medidas punitivas, principalmente para o aluno que aparece no vídeo coordenando "o passo do elefantinho". Marco Aurélio (PT) questionou o fato de Diná, mesmo tendo recebido o e-mail de convocação, não saber do trote ocorrido na instituição que dirige. Vilanice disse estar "consternada e assustada" com os fatos relatados e entregou aos parlamentares a programação feita pela Faculdade de Enfermagem aos novos alunos. Ao se deparar com palavras como bixo, bixete, calouro e veterano, Sarah Munhoz recomendou que houvesse mudança nessa terminologia, já que remetiam a significados como opressor e vítima.
Palavra da mãe da aluna
Sob sigilo de identificação, a mãe de uma estudante testemunhou perante a CPI. Ela contou que a filha, de 21 anos, foi estuprada em 2012, por um aluno da Faculdade de Medicina da USP, enquanto cursava a Faculdade de Enfermagem. Segundo a mãe, após o ocorrido, ela e a filha procuraram a diretora da Faculdade de Enfermagem e ouviram que seria necessário um processo administrativo-disciplinar. Após o relato, a aluna passou a sofrer humilhação e retaliações, com boatos na Internet. A aluna resolveu trancar matrícula.
"Houve total descaso por parte da diretoria da Faculdade de Enfermagem. Vocês erraram e muito, ainda mais se tratando da USP", disse a mãe para as duas professoras. Após a elaboração de boletim de ocorrência, a filha saiu escoltada da faculdade por duas vezes, por causa de medida cautelar da Justiça, proibindo o estudante acusado de se aproximar da aluna, o qual continuou a frequentar a faculdade sem qualquer providência em contrário.
Diná explicou que a primeira manifestação sobre o caso, na Ouvidoria da USP, encaminhou o problema para a Faculdade de Medicina, pois o fato ocorreu naquela instituição. "A sindicância foi estabelecida lá e não nos pediram explicação do caso". Segundo Diná, foi a vítima quem optou pela preservação do fato e do individualismo.
Sobre a escolta, Diná disse que não estava na faculdade naquele dia e que o estudante acusado frequentava o restaurante, "um local público a que todos têm acesso". Em relação às retaliações sofridas pela aluna, disse que a jovem não relatou o bullying. A mãe lembrou às professoras que estas sempre diziam "o que vocês querem que a gente faça?", ao invés de oferecer os serviços da faculdade, onde já atuava um grupo de apoio às vítimas de violência.
Sarah Munhoz informou que o resultado da sindicância aberta na FMUSP foi inconclusiva e Zago pediu reabertura do processo.
O procurador-chefe da Procuradoria Disciplinar da USP, Marcelo Bittar, informou que este processo já está em tramitação e apelou aos membros da CPI para que lutem pela convocação do estudante. Informou que seu departamento não tem o poder de polícia, portanto não poderia coagir ou penalizar o acusado. O acusado foi novamente convocado pela CPI.
Exibição de vídeos
Antes de ouvir o testemunho do diretor da Faculdade de Medicina da PUC-Sorocaba, Godofredo Borges, o presidente Diogo pediu a exibição de dois vídeos: um feito em Taquaritinga, da Calomed " torneio entre estudantes de medicina de diferentes faculdades - e outro da "esternada" " soco no esterno do aluno. Borges veio acompanhado do vice-reitor José Carlos Martinz e ambos negaram conhecimento dos fatos. Diogo explicou que a "esternada" tinha por objetivo fazer com que a vítima quebrasse o vidro de uma janela, ao jogar a cabeça para trás após receber o golpe. Sobre Taquaritinga, ele contou que a quadra foi fechada, pois os participantes da Calomed estavam nus e drogados. "Tudo isso patrocinado por pessoas que queriam receber a Calomed na cidade", relatou Diogo.
Ele cobrou dos convidados providências sobre retaliações e ameaças feitas aos estudantes que prestaram depoimento sobre trotes violentos ocorridos na PUC-Sorocaba. Diogo mostrou aos representantes da PUC as letras dos hinos cantados pela bateria Batukanabys. Borges disse desconhecer os vídeos e, sobre as denúncias dos alunos, respondeu que, após identificá-los como vítimas, a PUC abriu sindicância para responsabilizar os autores. Quanto aos hinos, concordou serem "execráveis".
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