Opinião - Recuperar o tempo perdido


24/03/2010 17:49

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Neste 22 de março comemoramos o Dia Mundial da Água. É oportuno falar sobre o Projeto Mananciais, que objetiva justamente garantir que áreas estratégicas para sua preservação continuem a produzir o precioso líquido. Tenho especial carinho por este projeto porque lá atrás, em 2005, tive a oportunidade de contribuir, articulando, junto ao Ministério do Planejamento, em Brasília, pelo desembaraço do empréstimo de U$ 100 milhões que o governo de São Paulo solicitou ao Banco Mundial para colocá-lo em prática.

Em 22 de maio de 2001, ainda na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, uma resolução do Ministério do Planejamento barrou esse pedido de empréstimo, alegando, entre outras razões, o grande número de agentes públicos envolvidos no projeto, 10 co-executores e 20 entidades, além da baixa capacidade de endividamento das prefeituras envolvidas: São Paulo, São Bernardo, Diadema, Guarulhos, Suzano e Mogi das Cruzes. O governo tucano continuou insistindo no mesmo modelo recusado.

Em 2005, fomos procurados por ambientalistas e prefeitos preocupados com o paralização do projeto. Iniciamos então a articulação, que resultou em reunião no Ministério do Planejamento, em 6 de junho de 2005, quando o então secretário de Assuntos Internacionais, João Carlos da Rocha Mirando, se dispôs a vir a São Paulo para discutir com os envolvidos um novo projeto. Este encontro se deu em 14 de junho, na Sabesp. Redesenhado, ele foi aprovado em maio de 2006.

Não podemos deixar de registrar que a falta de interesse do governo tucano pelo meio ambiente, área que conta apenas com 0,61% do Orçamento total do Estado, resultou no engavetamento do projeto por mais de quatro anos, deixando nossos mananciais expostos à degradação ambiental. Agora o projeto começou a sair do papel e prevê intervenções para a recuperação e preservação dos mananciais da Cantareira, Guarapiranga, Billings, Alto Tietê-Cabeceiras e Cotia, que abastecem 20 milhões de pessoas.

Nossos mananciais e rios estão poluídos e degradados devido à ocupação desordenada, falta de tratamento do esgoto, de fiscalização, desmatamentos o que compromete a qualidade da água. É preciso acelerar as ações, recuperar o tempo perdido para evitar, no futuro, que os setores industrial, agropecuário e urbano entrem em disputa pelo precioso líquido.



*Donisete Braga é deputado estadual pelo PT.

alesp