As "mandalas" de Edith Neves: motivos rítmicos em forma e cores

Emanuel von Lauenstein Massarani
26/03/2003 15:16

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"A arte, para mim é como um alimento espiritual, um instrumento para desenvolver minha missão, trazendo através desta, uma alegria e realização artística para os outros", com essa afirmação, Edith Neves se posiciona frente a arte.

A necessidade de conteúdo para Edith Neves é tema e objetivo na sua pintura onde a fantasia figurativa e de composição está estritamente congênita. O filão estético em que opera é, tendencialmente, aquele do abstracionismo, mas o que distingue a sua pintura são as inúmeras situações informais, onde a matéria se constitui de rigor executivo e em cujos pilares encontramos associado um espontâneo componente decorativo.

Sua renúncia aos tons atmosféricos ou às simbologias é exemplar. A sua tenacidade e o seu zelo nos oferecem uma imagem de pesquisadora serena e precisa. Edith Neves faz de suas obras uma contínua variação sobre motivos rítmicos em forma e cores, enquanto parece recuperar sobre a tela certos efeitos volumétricos, como suas mandalas brilhantemente sustentadas pelas graduações assumidas através de cores acrílicas.

A contribuição da cor em suas formas, torna-se elemento fundamental para alcançar uma precisa correspondência emotiva e uma sabida resolução das percepções do conhecimento. O todo gera uma imagem pura amarrada ao ritmo da composição, como em "Composição Lúdica", obra doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho.

A artista considera que o seu trabalho atual é um retorno ao mundo infantil, com recordações de vivências felizes, de brinquedos, jogos, passeios, transformados em emoções multicoloridas e que estão contidas no subconsciente. Não há dúvida que tudo isso aflora no momento da criação, através das formas e cores, compondo esse abstracionismo lúdico que passa ao espectador, transmitindo alegria e mostrando a possibilidade de, ao fazer a leitura dos seus quadros, o público coloque suas emoções, suas angústias e suas felizes lembranças infantis a serviço da arte.



A Artista

Edith Neves nasceu em São Bento do Sapucaí no ano de 1939. É artista plástica, pintora, professora de Arte e Curadora na Galeria de Arte Parque Avenida. Formou-se em Arte pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Cursou "Crítica de Artes" - extensão universitária - pela Unesp/Apca (1982) e "Estudos de Museus de Arte" - especialização - pelo Mac/Usp (1995).

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, ressaltando-se: KLM - Gallery, São Paulo (1974); Museu de Arte Brasileira - Faap - São Paulo (1975); "Festival de Arte" - Canizares Galeria Bahia (1976); Conselho Consultivo dos Produtores de Cacau, Itabúna (1978); União Cultural Brasil-Estados Unidos (1979); Centro Cultural Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul (1982); Galeria Bauhaus, Londrina (1985); "Teoria e Prática da Cor" - Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo (1992); "Oficina de Xilogravura" - Sesc Pompéia, São Paulo (1995); Museu Banespa, São Paulo (1996); Conjunto Nacional, São Paulo (2000); Parque Avenida Galeria de Arte (2001); "80 Milhões de Mulheres" - Centro Cultural Júlio Prestes, São Paulo; e "Arte Interativa" - Biblioteca Mário de Andrade (2002).

Possui obras em importantes acervos particulares e oficiais, destacando-se: Museu de Arte Contemporânea de Americana; Galeria do Sesi/Fiesp, São Paulo; Galeria Aliança Francesa, São Paulo; Galeria Ucbeu, São Paulo; Cada da Cultura, Ilhéus, Bahia; Hotel Transamérica Comandatuba; Galeria Canizares da UFBA; e Art Selection Wedauer Str. nº 35 e nº 45,481 Uulheim - Ruhk, Alemanha.

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