O transporte rodoviário de cargas vivencia uma tensão cujas consequências estão provocando o fechamento de empresas " com a devida redução proporcional dos postos de trabalho " e a desesperança daqueles que optaram pela atividade autônoma. Especialistas neste setor apontam diversas razões para estes problemas, como os efeitos provocados pela crise econômica mundial, maior competitividade no setor, redução da necessidade de estoques alimentares etc. que, somadas, reduzem o valor e a demanda por fretes. Esta situação tem obrigado as empresas a promover reformulações a partir da adoção de métodos logísticos específicos para garantir a continuidade dos negócios. Além disso, há outro fator preocupante que contribui de maneira negativa para a redução de oferta ao transporte rodoviário de cargas: a prática do roubo nas estradas vicinais e rodovias estaduais de São Paulo. Em relação ao prejuízo, os números apontam que a maioria dos R$ 232,9 milhões roubados está concentrada nas ocorrências com valores entre R$ 3 mil e R$ 30 mil. Os roubos com valores abaixo de R$ 3 mil correspondem a 20,9% do total. Por esse motivo, as entidades que representam os empresários de transporte de cargas e logística reuniram nesta quinta-feira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para discutir estratégias com o intuito de se chegar a um consenso acerca de propostas que possam resultar na diminuição deste tipo de crime. Acredito que este deva ser um trabalho conjunto não somente das entidades representativas do setor, mas destas com o governo do Estado. Infelizmente, diversos fatores contribuíram para o aumento de ocorrência de roubo de cargas registrado pelos órgãos policiais no Estado de São Paulo. Entre eles, posso citar como exemplo o grande fluxo de veículos nas regiões metropolitanas e a dificuldade de tráfego observada em vias totalmente congestionadas. Por esse motivo, defendo a adoção de leis bastante rigorosas, adequação de infraestrutura policial e fiscal e a importância do combate à receptação de produtos. Entre as iniciativas apresentadas pelo setor de transporte rodoviário de cargas estão à criação de Projeto de lei, que visa conceder permissão a policiais militares para que possam abrir baús e contêineres lacrados pela Receita Federal, e, também, a isenção do pagamento de imposto quando a carga é roubada. Estas iniciativas demandam estudos técnicos e, por esse motivo, deverão pautar as discussões entre os membros da Comissão de Transportes e Comunicações, a partir de setembro. A expectativa é que possamos apresentar sugestões concretas até o fim deste ano. Este crime cometido contra o setor estimula outras ações delituosas, além de servir como "moeda de troca" para a compra de drogas ilícitas. Tudo isso acaba aumentando a criminalidade em prejuízo da segurança da população, reduzindo a arrecadação de impostos e comprometendo outros tipos seguros. Não podemos questionar e tampouco minimizar a importância do transporte rodoviário de cargas, visto que o setor possui responsabilidades, pois, mais do que viagens, o transporte rodoviário de cargas viabiliza os demais setores da sociedade, afetando diretamente o desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo. Assim, afirmo que a Comissão de Transporte e Comunicações não medirá esforços para tentar amenizar o problema.MF *Edmir Chedid é advogado, deputado estadual pelo DEM e presidente da Comissão de Transportes e Comunicações da Assembleia.