Tinha razão o saudoso radialista Vicente Leporace, que usava um termo para definir a mania brasileira de tentar imitar tudo aquilo que vem de outros países, até mesmo as modas de péssimo gosto: Macacobrás. Acontece que hoje em dia, sempre aberto aos que ganham fama no exterior, o Brasil recebe os líderes de movimento de defesa da clonagem humana existente na França e dá a esses picaretas um tratamento reservado a verdadeiros estadistas. O líder do Movimento Raeliano, Claude Vorilhon, e a diretora da empresa Clonaid, Brigitte Boisselier, que recentemente apareceram na mídia do mundo inteiro por terem anunciado, sem provas, a bem-sucedida clonagem de seres humanos, chegaram a São Paulo e tiveram espaço nos jornais, rádios e TVs. Prometeram que apresentariam afinal provas sobre os "clones produzidos na França, Israel, Holanda, Japão, Arábia Saudita e América do Norte", mas se limitaram a mostrar foto de um bebê numa incubadora. E mais: o tal de Claude, cercado de moças vestidas como odaliscas, exigia ser chamado de "santidade" e queria que cada jornalista ajoelhasse diante dele ao fazer alguma pergunta na entrevista coletiva. Pois é... Nosso país não oferece destaque justo a tantos cientistas e médicos do Hospital das Clínicas, do Incor, da Unicamp e de outras instituições sérias, e acaba dando a vigaristas internacionais um valor absurdo. Não é tempo de a mídia refletir sobre isso?

Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL