Delegacia do Porto pode atuar no combate ao roubo de cargas na Baixada Santista

Parlamentar defende a implantação na Baixada Santista de um serviço especializado na repressão deste tipo de crime
21/08/2001 16:52

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A deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT) está reivindicando do governo estadual que coloque o combate ao roubo de cargas como uma das atribuições da Delegacia do Porto, criada no final de julho pela Secretaria Estadual de Segurança Pública. Em ofícios encaminhados ao secretário Marco Vinício Petrelluzzi e ao delegado-geral de polícia, Aldo Galiano Júnior, a parlamentar defende a implantação na Baixada Santista de um serviço especializado na repressão a esta modalidade de crime organizado. Para a deputada Prandi, este é o momento ideal para se implantar esta equipe especializada, já que os órgãos de segurança ainda estudam as atribuições da nova delegacia.

"O roubo de cargas é um flagelo com conseqüências nefastas para toda a cadeia produtiva, gerando prejuízos aos produtores, aos transportadores e aos consumidores. Mais do que isso, coloca em risco a vida dos caminhoneiros, que rotineiramente são interceptados por bandos fortemente armados", enfatiza Maria Lúcia, destacando que o pedido é fruto de uma reivindicação apresentada a ela pelo presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista, Heraldo Gomes Andrade. "Felizmente, desde o ano passado, nenhum caminhoneiro foi morto por estas quadrilhas. Não podemos esperar que novos assassinatos ocorram para aprimorar o combate a esta ramificação do crime organizado", frisa a deputada.

De acordo com a parlamentar, esta delegacia deveria desenvolver um trabalho conjunto com a Polícia Federal, que hoje já atua na investigação dos crimes praticados na zona primária dos terminais alfandegados. Maria Lúcia defende, ainda, que a Delegacia do Porto seja um ''braço'' na região da Delegacia de Polícia Civil especializada em roubo de cargas, que funciona na Capital. "A vinda desse serviço específico é importante em função das características da Baixada Santista, que abriga o maior porto da América Latina, onde é movimentada grande parte das cargas que chegam e saem do país", explica a deputada Prandi, lembrando que o Sindicato dos Transportadores Autônomos já entregou às autoridades policiais da região uma relação com os 11 pontos mais críticos para roubos de cargas na Baixada.

Conforme apurou Maria Lúcia, dentro dos terminais alfandegados as quadrilhas agem por meio da falsificação de documentos, que permitem a retirada das cargas sem o emprego de violência. Já na malha viária, estradas e pontos de concentração dos caminhoneiros, as cargas são interceptadas por quadrilhas fortemente armadas. "Eles seqüestram os motoristas, que são abandonados em locais distantes. Estas pessoas ficam sob a mira de armas, carregando para sempre este trauma", frisa a deputada Prandi, que na última sexta-feira, 17/8, foi uma das palestrantes do II Seminário sobre Roubo de Cargas, realizado em São Paulo. A parlamentar falou sobre Roubo de Cargas: os danos à sociedade e formas de melhorar o combate ao crime.

Estatísticas. De acordo com levantamento do Sindicato das Empresa de Transportes de Carga de São Paulo e Região Sudeste (Setcesp), os roubos de cargas em São Paulo aumentaram cerca de 18% de janeiro a junho deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. No primeiro semestre de 2000, já havia sido registrado um crescimento de 24,5% em relação a igual período de 1999. Este ano, foram cerca de 1.400 casos, contra 1.158 registros em 2000 e 938 em 1999. O número de ocorrências de roubo de carga nas rodovias brasileiras saltou de 2.566, em 1994, para 5.389, em 2000, acarretando prejuízos de R$ 415 milhões, quatro vezes mais do que em 1994.

Outro dado importante é o aumento vertiginoso das despesas com segurança dentro do total dos custos de transporte: de 4% em 1994 para 15% no ano passado. Em São Paulo, o mapa de risco aponta as rodovias Dutra, Anhangüera, Régis Bittencourt e Castelo Branco como as com maior incidência de roubos. Os produtos mais roubados são os eletroeletrônicos, alimentícios, têxteis, cigarros e combustíveis. A maioria desses casos acontece num raio de até 150 quilômetros a partir da Capital e, há fortes indícios da ligação de grandes redes varejistas com a receptação das cargas roubadas.

alesp