O AVANÇO DO SEQÜESTRO RELÂMPAGO - OPINIÃO

Afanasio Jazadji*
20/07/2001 17:15

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A cada dia, cresce o número de seqüestros relâmpagos nas maiores cidades do Estado de São Paulo. Mesmo com a recente decisão dos bancos, nesta época de racionamento de energia elétrica, de limitar o funcionamento dos caixas eletrônicos ao período das 6 às 22 horas, os assaltantes continuam recorrendo aos cartões magnéticos das vítimas e mantendo-as sob ameaça de revólver. A Polícia se limita a registrar as ocorrências. Em junho, por exemplo, houve o total de 43 seqüestros relâmpagos nos municípios do Grande ABC, o que representa enorme crescimento da média mensal em comparação com a soma de 71 casos notificados ao longo dos cinco meses anteriores. Esse levantamento foi feito por repórteres do Diário do Grande ABC, de Santo André, que não se limitaram a esperar as demoradas pesquisas da Polícia e trataram de buscar números por conta própria, com base em notícias publicadas nos últimos meses em suas páginas policiais. Conforme admitem as autoridades, o seqüestro relâmpago é mesmo o crime da moda, tanto no Grande ABC quanto em outros municípios de alta densidade demográfica. O pior é que, na verdade, o número de seqüestros relâmpagos em nosso Estado acaba sendo muito maior do que o divulgado pela Polícia. Acontece que alguns casos se transformam em seqüestros clássicos, daqueles em que os bandidos aprisionam reféns e exigem resgate pelas vítimas: com medo, as famílias tratam de pagar e nem avisam à Polícia. Há também casos de seqüestros relâmpagos que a Polícia Civil prefere registrar apenas como "roubo qualificado", minimizando o crime para evitar que as estatísticas fiquem ainda mais assustadoras. Ou seja: na falta de solução para os crimes, prevalece o uso da mentira. No Brasil, qualquer norma de segurança recomenda evitar o uso dos caixas eletrônicos ou bancos 24 horas. Pode parecer um absurdo o conselho, uma vez que esses caixas deveriam funcionar como meio de facilitar a vida das pessoas que não têm tempo de ir às agências bancárias, mas o problema é que os bandidos ficam de olho em quem vai sacar dinheiro nos caixas eletrônicos e acabam agindo de surpresa. Também existem os casos em que a vítima é assaltada em qualquer local e, tendo em seu poder um cartão magnético de banco, acaba sendo levada até um caixa eletrônico, onde, sob a mira de um revólver, fornece sua senha para o saque. A solução do problema está ao alcance de todos, mas os bancos resistem à idéia: trata-se da proteção constante aos caixas eletrônicos. Se a Polícia é insuficiente para vigiá-los, cabe aos próprios bancos dar proteção aos seus clientes. Como deputado, tomei por base essa premissa, quatro anos atrás, e apresentei projeto de lei na Assembléia Legislativa de São Paulo, propondo a obrigatoriedade de um serviço permanente de vigilantes particulares em cada banco 24 horas. Segundo meu projeto, a missão de dar segurança aos usuários de cartões magnéticos deve ser dos próprios bancos, que, assim, ficariam com a tarefa de contratar os vigilantes. Porém, mesmo com os jornais publicando balanços anuais que mostram incríveis lucros alcançados pelos bancos, houve um intenso lobby contrário da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a ponto de meu projeto ter sido bloqueado na Assembléia. Por meio de sua guarda municipal, São Caetano do Sul vigia os bancos 24 horas e alcança bons resultados. Nada de especial. É a conduta certa.

* Afanasio Jazadji é advogado, jornalista, radialista e deputado estadual pelo PFL

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