Políticos oportunistas e entidades pretensamente de direitoshumanos apressaram-se em tentar ganhar espaço na mídia, elogiando aconclusão do julgamento em que o coronel PM Ubiratan Guimarães foicondenado a 632 anos de prisão como culpado por 102 das 111 mortes depresos na Casa de Detenção do Carandiru, quando do motim de 1992.Felizmente, também existe bom senso e há quem manifeste posiçãototalmente contrária a essa condenação absurda. As imediações do Fórum daBarra Funda ficaram repletas de faixas com frases como "A sociedade estácansada dos direitos humanos dos criminosos", alusão ao fato de atéautoridades de primeiro escalão terem entrado na onda de culpar ocoronel Ubiratan. Era uma rebelião de presos, em que uma tragédia maiorpoderia acontecer, cabendo à Polícia Militar reprimir. O então governadorLuiz Antônio Fleury Filho voltou a dizer que "faria tudo de novo" e seusecretário da Segurança Pública à época, Pedro Franco de Campos, admitiu ter dadoordem de ataque da PM a presos que, drogados, já começavam a matarcompanheiros de cela. A PM tratou de separar os que se rendiam e nãoocorreu matança indiscriminada. Haverá outro julgamento e terá deprevalecer a justiça: não uma decisão como essa, que só serve paradesencorajar ainda mais a PM. *Afanasio Jazadji é advogado, jornalista, radialista e deputado estadual, vice-líder do PFL.