O aumento da expectativa de vida dos brasileiros aliado a uma mudança na estrutura das famílias com a sensível redução no número de filhos dos casais, tem gerado, ao longo dos últimos anos, o chamado envelhecimento do Brasil. O número de crianças e jovens tem diminuído ano a ano, enquanto nossa população idosa cresce. Mais do que uma mudança comportamental, essa nova situação apresenta à sociedade demandas que até bem pouco tempo não existiam no nosso país. Uma dessas demandas, já constatadas em alguns centros, é a necessidade de formação de uma mão-de-obra especializada na assistência aos idosos. Não tratamos da assistência voluntária ou benemérita, mas sim profissional, com conhecimento técnico e preocupada em atender as particularidades dos idosos da melhor maneira possível.

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), desde o final de 1999, vem atuando nesse campo e desenvolve um curso de extensão visando a "Capacitação em cuidados Especiais ao Idoso Dependente". Desenvolvido ao longo de sete módulos (seis teóricos e um de estágio), o curso tem carga horária de 106 horas.

Longe de entender ou classificar os idosos como incapazes de autogerir suas próprias vidas, o que se busca com o curso é habilitar profissionalmente outras pessoas para essa tarefa. O que ocorre muitas vezes é que nem sempre a família está preparada para oferecer os devidos cuidados ao idoso, pelos mais variados motivos. E quando a família tem condições de contratar uma pessoa para dar esse acompanhamento, o contratado em sua quase totalidade não recebeu o treinamento e as informações teóricas que lhe habilitem a proporcionar o bem-estar do idoso.

Uma proposta que temos apresentado e que estamos tentando viabilizar através da Uniso, é a implantação desse curso de extensão na nossa Universidade. Mais do que uma simples opção a mais no mercado de trabalho, a viabilização de um curso dessa natureza vai certamente representar uma melhoria sensível na qualidade do serviço que é oferecido no atendimento aos idosos. O profissional dessa área receberá as informações necessárias e saberá identificar e solucionar os problemas surgidos na prática diária do idoso, seja na sua residência, na instituição geriátrica ou na comunidade.

É o profissional se adaptando à realidade do processo de envelhecimento, conhecendo as limitações de seu cliente, o que absolutamente não significa um comportamento resignado diante das particularidades desses indivíduos. É buscar o resgate da verdadeira qualidade de vida dentro de uma nova realidade, baseando atitudes e atividades dentro de toda uma fundamentação teórica que garanta eficácia às ações adotadas, sem desgastes ou estresses desnecessários tanto ao profissional "cuidador de idosos", quanto ao cliente/paciente.

*Caldini Crespo é deputado estadual pelo PFL