O Brasil vem fazendo esforços para competir no mundo globalizado e osucesso dessa empreitada tem ligação direta com investimentos em modernospadrões de produção, bem como em qualificação de recursos humanos. Nessecontexto, ganha importância o ensino superior. O momento exige que novas estratégicas parcerias sejam implementadas permitindo aos jovensbrasileiros, principalmente os mais pobres, condições de ingressar nasuniversidades, sejam elas públicas ou privadas.Hoje só 11% dos brasileiros de 18 a 24 anos encontram-se nas escolassuperiores. Esse índice é um dos mais baixos da América Latina. Perdemospara a Argentina (42%), Chile (31%) e até mesmo para a Bolívia ( 24%).Dizem que Santo Antonio utilizava a frase "chega de discursos, vamos àsobras". A maioria dos jovens aspirantes à universidade pertence a famíliasde renda e grau de instrução modestos. As instituições de ensino superiorparticulares respondem por mais de 70% do total das matrículas, contra 30%das universidades públicas. Sendo assim, o momento exige obras tais como:ampliação do número de vagas no ensino público - o MEC admite a estagnaçãonos últimos 5 anos -; democratização do acesso no ensino público com adoção decotas para o ingresso da rede pública e, por outro lado, adoção urgentede mecanismos que facilitem o financiamento dos cursos nas instituiçõesparticulares. No cenário atual, o ensino privado ocupa posição de destaque. Em 2000, segundo o Censo da Educação Superior, as instituições privadas eramresponsá veis por 67% das ofertas de matrículas, ficando as públicas com33% Em São Paulo o número sobe para 85%. Vale ressaltar que a oferta devagas, nos últimos 10 anos, cresceu 179% nas particulares contra 58% naspúblicas. No Estado de São Paulo foi de 135% contra 25%.A conclusão é que a esmagadora maioria de estudantes pagam por suaformação. A principal fonte de recursos para o crédito educativo, o Fundo de Financiamento do Ensino Superior (Fies), do governo federal, atendeapenas 30 mil estudantes, contingente que representa 30% dos postulantes.Já a inadimplência no setor, fala-se em 30%, e as pesquisasmostram uma relação direta entre inadimplência e índices de desemprego. Éum verdadeiro drama para milhões de famílias impedidas de verem seus filhosna universidade.A idéia de ampliar o Fies não basta. Além disso, são necessárias outrasfontes de financiamento. Parece adequado se pensar na utilização dosrecursos do FGTS, ou mesmo do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT. Em SãoPaulo, se houver boa vontade por parte do govenro, pode sair da gaveta a Lei nº10.959/01, de minha autoria, que cria uma agência estatal para intermediarestágios remunerados em empresas públicas e privadas. A operacionalizaçãoda lei é simples, não exige grandes recursos e pode beneficiar centenas dejovens nesta parceria. Reafirmo, basta boa vontade.A Constituição de 88 incentiva parcerias. O art. 205 diz que educação édireito de todos, dever do Estado e da família e será promovida eincentivada com a colaboração da sociedade, visando ao plenodesenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e suaqualificação para o trabalho. Metas estabelecidas pelo MEC para o ano 2010dentro do Plano Nacional de Educação prevê que 10 milhões de jovens nafaixa etária de 18 a 24 anos estarão cursando a universidade. Para tanto,governo e sociedade devem se dar as mãos, juntar forças , afinal trata-seda inclusão de sete milhões de pessoas, sendo que destes, apenas 1,8 milhõespoderão pagar a mensalidade. Está aí o desafio. Mãos à obras pois é hora deexecutar as idéias.Donisete Braga é deputado estadual pelo PT/SP