Transformar o descarte em arte


22/08/2002 18:20

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DA REDAÇÃO

É o que fazem as irmãs Romano. Cada uma a sua maneira, recuperam folhas de madeira e papéis e criam composições que incluem reprografias, desenhos, tintas e diversas interferências. As artistas plásticas apresentam, no corredor dos plenarinhos, terceiro andar do Palácio 9 de Julho, obras representativas de seu trabalho.

Ambas têm em sua história o convívio com a marcenaria do pai, na região do Campo Limpo. Daí o encantamento pelas várias formas da madeira. Lúcia, no trabalho exposto na Assembléia, apresenta uma técnica mista, com aplicação de reprografia sobre lâmina de madeira, com interferência de tinta acrílica. Na obra de Rose, também com técnica mista, a base para os desenhos clássicos é a colagem de jornais e papéis recuperados.

Uma inquietação perseguiu por longo tempo Lúcia e Rose: os diversos restos de madeira da marcenaria do pai eram descartados todos os meses. A partir do estudo da arte, as irmãs encontraram um uso para todo aquele material que era jogado fora. As folhas de madeira, os tocos, a serragem, tudo passou a ser material bruto a ser trabalhado pela sensibilidade das artistas. A conscientização ambiental também cresceu e com ela o desejo de levar a outros atores a descoberta da arte como elemento de reaproveitamento de materiais.

As duas não pararam apenas no círculo de artistas que pesquisam materiais e técnicas, mas levaram a experiência com reciclagem a um grupo de mulheres na periferia da capital. Hoje, semanalmente trabalham em uma comunidade evangélica em Taboão da Serra, com a reutilização de materiais para a confecção de objetos de decoração. No sonho das duas artistas, a criação de uma cooperativa de artesãs que possa ter na arte da reciclagem, além do desenvolvimento pessoal, uma nova forma de geração de renda.

alesp