Vem aí o referendo... e Suzane, livre!

Opinião
11/07/2005 15:49

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Na noite de quarta-feira, 6 de julho, em Brasília, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de decreto legislativo que autoriza a realização, em 23 de outubro, de referendo sobre a proibição de venda de armas e munições no País. Vai custar R$ 500 milhões! Enquanto analistas apressados tratam de atribuir ao Estatuto do Desarmamento uma não-comprovada queda da violência e da criminalidade no Estado de São Paulo, a Justiça manda libertar uma jovem da classe média que, unida ao seu namorado e ao irmão dele, participou do assassinato dos pais.

A morte do casal Manfred e Marísia von Richthofen ocorreu em 30 de outubro de 2002, no bairro do Brooklin, em São Paulo. Suzane, de 19 anos, filha do casal, auxiliada pelos irmãos Daniel Cravinhos, seu namorado, e Cristian, levou adiante o plano de assassinar os pais, que dormiam na casa da família. Todos os três foram logo presos para aguardar o julgamento. Em 28 de junho deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus para que Suzane fosse libertada. Jornais publicaram que, dentro de seu inocente ursinho de brinquedo, havia uma pistola. Mas seu advogado, um dos mais caros do Brasil, pôde juntar a "vitória" à sua galeria de "troféus".

É claro que tem gente que se revolta com o fato de os dois outros participantes do assassinato continuarem presos: assassinos pobres não têm o mesmo tratamento de assassinos ricos? Em parte, também na Justiça, dinheiro ajuda. A questão, porém, é complexa e exige cuidadosa reflexão.



Duas outras notícias ligadas à criminalidade ganharam destaque na mídia nestes dias, quando Suzane era libertada: uma delas foi a divulgação da estranha pesquisa do governo de São Paulo que aponta redução de 35,25% do total anual de homicídios na capital de 2000 a 2004. A outra notícia diz respeito à insistência de deputados federais que, apesar da crise política em Brasília, apressaram de todas as formas a votação do plebiscito sobre a proibição de armas, que acabou sendo homologado. As duas notícias são ligadas a distorções.

É possível acreditar na propaganda oficial de que caiu o número de assassinatos em nosso estado? E mais: até que ponto uma eventual queda teria a ver com o demagógico Estatuto do Desarmamento, que convenceu milhares de cidadãos pacíficos a entregar suas armas às autoridades nos últimos meses?

Começa que, na mesma época, era divulgada uma terceira informação " a de que houve novas chacinas na periferia da região metropolitana de São Paulo. Depois, vale alertar aos analistas apressados que o assassinato do casal Von Richthofen ocorreu a golpes de bastões de ferro, não a tiros de revólver. Isto significa que armas desse tipo podem ser compradas em lojas de material de construção ou mesmo furtadas de qualquer canteiro de obras.

Quanto à libertação de Suzane, o habeas corpus foi concedido por 3 votos a 2, na 6ª Turma do STJ, sob a alegação de que a moça não é perigo para a sociedade... Triste lição. E vem aí o plebiscito. Diga "não" à demagogia!

alesp