OPINIÃO: Febem atormenta o governo


18/03/2005 16:42

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Na Febem de São Paulo, em meio ao verdadeiro caos que cresce a cada dia, alguém está mais perdido do que os menores internos, os pais e os funcionários: o governo do Estado. A cada decisão, novas trapalhadas. Nos últimos dias, após outras rebeliões nas unidades do Tatuapé e de Franco da Rocha, na Capital, perdeu-se o rumo por completo. Na tentativa de corrigir erros, acabou-se errando ainda mais.

Um exemplo: o governador Geraldo Alckmin declarou à imprensa que agora está na hora de mudar o nome da Febem, nome que, segundo ele, "está marcado pela violência". Pelo jeito, o governador é mesmo adepto de soluções apenas aparentes, imediatistas. Na verdade, o nome é algo secundário: o que vale é tentar dar capacidade à instituição para superar de uma vez a série de fugas e rebeliões e de outros atos violentos em suas unidades.

A Febem precisa ser criticada. Sou deputado estadual e não abro mão do direito e da obrigação de apontar as falhas. No entanto, estranhamente, um dos maiores críticos do governo do Estado e da Febem, o padre Júlio Lancelotti, é funcionário dessa instituição. Portanto, ele recebe salário do Governo, mas desobedece o Estatuto dos Funcionários Públicos, que proíbe os servidores de dar entrevistas contrárias ao Poder Público. Sendo padre ou não, ninguém pode fazer isso sem o risco de uma punição. Integrar esses grupos de defesa dos direitos humanos não significa ter imunidade diante de regras e de leis, ainda mais quando esse tipo de crítico leviano só contribui para agravar a situação.

*Afanasio Jazadji é jornalista, advogado e deputado estadual

alesp