ESTÍMULO PARA O PAULISTA LER MAIS - OPINIÃO

Duarte Nogueira*
15/08/2001 13:20

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O brasileiro lê pouco. Lê pouco porque tornar a leitura um hábito ainda custa caro. O preço médio das obras vendidas na Bienal deste ano, por exemplo, foi de R$ 15,40, quase nada se considerarmos o processo de criação e produção da obra. O fato é que o Brasil não fica atrás no ranking da leitura somente de países com renda per capita mais generosa. Perde para a Argentina, por exemplo. Enquanto o brasileiro lê, em média, duas obras por ano, o argentino compra e aprecia a leitura de cinco, o americano de nove e os japoneses de catorze.

Se o brasileiro ainda gasta muito pouco com a compra de livros - cerca de R$ 31 por ano - é preciso estimular a leitura onde as obras ainda possam ser oferecidas de graça, como nas bibliotecas e escolas. É até um meio de dar uma injeção de ânimo ao mercado editorial, que se ressente, sem dúvida alguma, da baixa procura do brasileiro. Em 99, a produção sofreu uma queda de 19% e as vendas, de 14%. Já no ano passado, o mercado reagiu. Cresceu 12% na produção, 15% nas vendas. Mesmo assim, é preciso democratizar a leitura.

Um bom exemplo de estímulo tanto à leitura quanto à produção de livros é o programa "Leia Mais", desenvolvido pela Secretaria da Educação de São Paulo. É um programa pioneiro, que começou a ser implantado no mês passado pela secretária Rose Neubauer.

O governo do Estado aplicou R$ 20 milhões para disponibilizar cerca de 3 milhões de livros não-didáticos às escolas de Ensino Médio. Cada escola poderá escolher entre 1.944 títulos dos melhores livros da literatura brasileira e estrangeira, de referência, consulta e aprofundamento de estudos para todas as disciplinas. O número de livros a que cada escola tem direito é igual ao número de alunos de ensino médio a que ela atenda. Os alunos do ensino fundamental também terão acesso às obras, fora, é claro, os 300 títulos do acervo básico que as escolas devem receber.

Os títulos foram sugeridos pelas editoras interessadas em participar do programa e depois foram selecionados. A intenção é priorizar a diversidade das obras e oferecer a oportunidade aos alunos de conhecerem maior número de autores e de títulos. Até outubro, os livros que as escolas escolheram estarão chegando a cada instituição.

O "Leia Mais" irá incrementar as prateleiras das bibliotecas com temas variados, realidades diferentes, leituras profundas e analíticas sobre conjunturas. Ler é um ato de descobrimento, de libertação e estimular a leitura é um grande passo na constante tarefa de possibilitar cidadania e de garantir que o conhecimento, por meio do qual se realizam as mudanças, esteja acessível a um número cada vez maior de alunos.



*Duarte Nogueira é engenheiro agrônomo, líder do governo na Assembléia Legislativa e vice-presidente do PSDB de São Paulo. Foi secretário de Estado da Habitação no governo Covas (95/96)

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