Opinião - Prevenção de acidentes na infância


20/06/2011 11:10

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Anualmente, no Brasil, 110 mil crianças são hospitalizadas e acabam ficando com graves sequelas em função de acidentes que poderiam ser evitados através de medidas preventivas. Fiz, na última semana, na TV Assembleia, uma gravação a propósito do meu projeto criando na rede estadual de ensino, como atividade extracurricular, o Programa Educacional de Prevenção de Acidentes na Infância, com a participação de três personalidades importantes nessa área: Alessandra Françóia, coordenadora nacional da Criança Segura, uma organização não governamental com a missão de promover a prevenção de acidentes com crianças e adolescentes até 14 anos; Cláudia Siqueira, historiadora e pedagoga do Instituto Sidarta; e Lúcia Alves de Souza, engenheira do Centro Brasileiro de Tecnologia e Segurança de Produtos.

Discutimos, durante uma hora, estatísticas recentes mostrando a morte, apenas no Brasil, de 5 mil crianças por ano devido a acidentes. Isso significa 20 crianças por dia. São mortes que poderiam ser evitadas por meio de uma ação educacional preventiva, notadamente nas nossas escolas, através da conscientização dos pais e mestres.

Minha pesquisa sobre o assunto foi motivada, conforme escrevi em artigo anterior, por acidente que tirou a vida de uma criança de um ano e meio em Serrana, cidade próxima de Ribeirão Preto. Ela brincava com outras crianças, enquanto a mãe preparava o almoço; foi para o quintal, onde havia um balde de água, e acabou caindo de cabeça dentro desse balde. Quando a mãe foi procurá-la, a criança já estava morta, afogada.

Meu projeto é simples, porquanto voltado para campanhas educativas direcionadas para a criança e a sua família, buscando motivar a sociedade para com o problema; isso, claro, envolvendo a difusão de conteúdos didáticos relativos ao assunto, reuniões especificas de pais e mestres com a posterior avaliação dos resultados dessas ações e divulgações. Nesse ínterim, tomei conhecimento de um boletim do Ministério da Saúde revelando que acidentes ou lesões não intencionais representam a principal causa de morte de crianças de um a 14 anos no Brasil. Estimativas " eis outro item importante " mostram que, a cada criança que morre, outras quatro ficam com sequelas permanentes, provavelmente gerando consequências emocionais, sociais e financeiras à família e à sociedade. De acordo com o governo brasileiro, o SUS gasta anualmente R$ 63 milhões nos hospitais para atendimento às crianças vítimas de acidentes.

Não é um problema só do Brasil; no mundo " conforme estatísticas do Unicef e da Organização Mundial da Saúde ", 830 mil crianças morrem vítimas de acidentes por ano. Pergunto: quais providências os governantes estão tomando para evitar esses acidentes responsáveis pela morte, no mundo, de quase 1 milhão de crianças anualmente?

Em São Paulo, felizmente, caso a Assembleia Legislativa aprove meu projeto (e tenho quase certeza de que o fará), um passo fundamental será dado em favor da vida e da saúde, tornando matéria extracurricular da rede pública de ensino o Programa de Prevenção dos Acidentes da Infância.

Prevenir é muito mais sensato do que lamentar o irremediável.



*Welson Gasparini é advogado, deputado estadual pelo PSDB e ex-prefeito de Ribeirão Preto.

alesp