A deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT) faz nesta sexta-feira, 17/8, palestra sobre o tema "Roubo de Cargas: os danos à sociedade e formas de melhorar o combate ao crime", dentro do II Seminário de Roubo de Cargas. O evento está sendo organizado pelo Centro Internacional de Cultura (CIC) e acontecerá, a partir das 8h, no Novotel São Paulo Center Norte, na Capital. Além da parlamentar, o evento reunirá personalidades como o vereador José Eduardo Martins Cardozo, presidente da Câmara Municipal de São Paulo; o promotor José Carlos Blatt, o delegado geral da Polícia Civil, Aldo Galiano Júnior; e o diretor do Departamento de Investigações sobre Crimes Patrimoniais (Depatri), delegado Godofredo Bittencourt Filho.

"O roubo de cargas é um dos braços do crime organizado no país. Esta modalidade de crime é um flagelo de conseqüências nefastas para toda a cadeia produtiva, gerando prejuízos aos produtores, aos transportadores e aos consumidores. Mais do que isso, também coloca em risco a vida dos caminhoneiros, que rotineiramente são interceptados por bandos fortemente armados", enfatiza a deputada Prandi. A parlamentar acredita que uma das formas de aprimorar o combate ao roubo de cargas será torná-lo um crime federal. "Já há, inclusive, um projeto de lei nesse sentido tramitando no Congresso Nacional", explica, lembrando que essa legislação permitiria maior integração da Polícia Federal às polícias estaduais de forma a realizar uma investigação uniforme das quadrilhas, "que não respeitam fronteiras estaduais para agir". Outra proposta seria incrementar o rastreamento dos caminhões veículos, aproveitando a rede de fibra óptica instalada pelas empresas que administram as rodovias e criar estações receptoras. Estas estações permitiriam monitoramento dos caminhões em tempo real.

No caso da Baixada Santista, a deputada Prandi defende a realização de estudos para criação de uma Delegacia Regional especializada no combate ao roubo de cargas. A proposta foi encaminhada à parlamentar por Heraldo Gomes Andrade, presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista. "Esta delegacia deveria trabalhar em conjunto com a Polícia Federal, que hoje já atua na apuração dos crimes praticados na zona primária dos terminais alfandegados", afirma a deputada, destacando que nestes terminais os roubos são feitos por meio da falsificação de documentos, que permitem a retirada das cargas sem o emprego da violência. Maria Lúcia lembra, inclusive, que o sindicalista já entregou um mapa com os 11 pontos mais críticos para o roubo de cargas na região.

Estatísticas. De acordo com levantamento do Sindicato das Empresa de Transportes de Carga de São Paulo e Região Sudeste (Setcesp), os roubos de cargas em São Paulo aumentaram cerca de 18% de janeiro a junho deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. No primeiro semestre de 2000, já havia sido registrado um crescimento de 24,5% em relação ao igual período de 1999. Este ano, foram cerca de 1.400 casos, contra 1.158 registros em 2000 e 938 em 1999.

O número de ocorrências de roubo de carga nas rodovias brasileiras saltou de 2.566, em 1994, para 5.389, em 2000, acarretando prejuízos de R$ 415 milhões, quatro vezes mais do que em 1994. Outro dado importante é o aumento vertiginoso das despesas com segurança dentro do total dos custos de transporte: de 4% em 94 para 15% no ano passado. Em São Paulo, o mapa de risco aponta as rodovias Dutra, Anhangüera, Régis Bitencourt e Castelo Branco como as com maior incidência de roubos. Os produtos mais roubados são os eletroeletrônicos, alimentícios, têxteis e cigarros. A maioria desses casos acontecem num raio de até 150 quilômetros a partir da Capital e, há fortes indícios, da ligação de grandes redes varejistas com a receptação das cargas roubadas.

(Mais informações, ligue para o gabinete da deputada Maria Lúcia Prandi - 3886-6848/6854)