Contra o preconceito velado no mercado de trabalho


28/11/2007 09:30

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Ainda não somos o país que queremos aparentar ser em relação a uma verdadeira democracia étnica, onde não existe o preconceito de raça ou de religião. É claro que, felizmente, não ocorrem ataques físicos em massa nem beiramos a xenofobia de outros povos que se acreditam superiores, mas temos sim, em nosso Brasil, um tipo de preconceito racial, que a sociedade faz questão de tentar negar, mas que os números não deixam esconder.

A desigualdade entre brancos e negros é histórica. Todos sabem que com o fim da escravidão, os negros deixaram a senzala e foram para a favela, sem direito a um pedaço de terra, um salário ou qualquer indenização. Diferente dos brancos imigrantes que chegavam já remunerados e com direito a uma parte da produção.

Essa diferença histórica faz com que mesmo o negro pobre esteja numa condição ainda inferior à do branco da mesma classe social, porque falta a oportunidade do emprego ou da promoção no trabalho quando se está sujeito a uma seleção. Os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego divulgados recentemente pela Fundação Seade, que analisou a situação da população negra no mercado de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo, entre outubro de 2006 e 2007, apontam uma triste diferença em todos os setores.

As diferenças são: na indústria 34,8%, no comércio 33,8% e em serviços 31.6%. Num país onde a maioria da população é composta por negros e afro-descendentes vemos uma grande discrepância, que fica pior ainda quando comparamos com segmentos onde o estudo não conta ou a atividade braçal é maior: os negros são maioria. Nos serviços domésticos 54,9% e na construção civil 49,4%.

Se buscarmos em cargos de chefia o negro terá um percentual muito menor e, em relação à média salarial, o negro tem uma média de R$752,00 contra a média do não-negro de R$1.346,00. Negro e branco, no mesmo cargo, têm remuneração diferente, recebendo o primeiro R$10,00 por hora enquanto o branco, R$17,80.

Esse preconceito velado está desmascarado e somente poderá ter fim com ações públicas que propiciem o acesso à Educação gratuita de qualidade, ao mesmo tempo em que os empresários, que podem fazer a diferença, tomem consciência de que devem proporcionar condições iguais para todos os trabalhadores, sem distinção de raça ou sexo.



Haifa Madi é deputada estadual e coordenadora do PDT no Litoral Paulista

alesp