Wilson Teixeira desenvolve com ironia a arte do "animalismo" na pintura e no vitral

Emanuel von Lauenstein Massarani
10/04/2003 14:36

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O equilíbrio da composição é inato em Wilson Roberto Teixeira; os detalhes não o distraem, são elementos de uma visão geral captada e reproduzida na sua essência. Em suas obras a cor não é somente um fenômeno de luz, mas uma modalidade de volumes e de superfícies, que se soluciona numa composição de sonora luminosidade com acentuação de espaços e de ritmos numa concreta linguagem clara e responsável.

Sua paixão é o "animalismo''. Pinta com ímpeto amplas pinceladas encorpadas, ricas de profundos acentos pictóricos, plasticamente postas onde um vermelho, um amarelo, um verde, um violeta resultam medidos, distendidos ou borrados, embora sempre colocados no ponto exato onde a virtude da fantasia se equilibra a uma segura e profunda preparação artística.

Com essa riqueza de acentos formais e pictóricos, solidamente estruturados numa intensa correlação cromática, o artista pode verdadeiramente narrar sua paixão pelos animais, até mesmo com um ponto de ironia. Teixeira não se esquece entretanto das emoções sem sofisticação de quem ainda sonha conservar por muito tempo o gosto pela natureza que nos cerca e pela compreensão da vida na qual estamos imersos.

A busca de novas soluções gráficas sempre foi uma constante nesse artista que conseguiu pintar através das mais variadas técnicas de textura como podemos constatar na obra Admirando a cauda, doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho. Essa obra revela ainda as grandes qualidades de Teixeira na nobre arte do vitral.

Suas composições se formam com um cromatismo que possui a preciosidade da vibração e da sugestão. São todas obras que demonstram como o tratamento dado à cor por Wilson Teixeira constitui um dote adquirido após anos de experiências e de pesquisas para alcançar o equilíbrio de uma inteligente síntese, onde se destaca o trabalho de toda uma vida artística com suas instâncias e suas predileções.

O Artista

Pintor, desenhista, escultor, joalheiro e vitralista, Wilson Roberto Teixeira nasceu em Guaratinguetá, em 1946. Começou sua carreira em propaganda no ano de 1959 como assistente de arte e montador de anúncios. Como diretor de arte e diretor de criação (1968 - 1987), passou por mais de 15 agências de propaganda criando e ilustrando várias campanhas.

É formado em propaganda pela FIAM. Cursou a Associação Paulista de Belas Artes em 1964. Foi um dos primeiros alunos da Escola Panamericana de Arte em1966. Foi assistente do artista Manoel Victor, diretor e professor da Escola Panamericana de Arte, nos anos de 1966 e 1967.

Fez cursos de joalheria com Ricardo Mattar em 1981, fundição com Caio Mourão e esmaltação com Isa Elisabetsky em 1982 e 1983. Foi um dos percursores do Movimento da Praça da República em 1968 e 1969.

Participou de várias exposições coletivas e individuais, destacando-se entre elas: Galeria Dr. Vila Nova (1970); Galeria Portal (1976); Clube de Criação de São Paulo (1977); Galeria Mônica Filgueiras (1982); Marques e Caribé Galeria de Arte (2000); Galeria Mali Villas Boas; Central das Artes; Espaço Infraero-Cumbica; Chapel Artshow; Sétima Bienal da Associação dos Artistas Plásticos (2001); Espaço Infraero-Cumbica e Espaço Infaero Galeão; Secretaria da Cultura de Guaratinguetá (2002).

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