Esta semana o Estado de São Paulo e o Brasil estão comemorando o surgimento da nova paisagem rural brasileira. Tal comemoração pode ser vista e admirada na Agrishow, uma das maiores feiras de agronegócios do mundo, que é realizada todos os anos em Ribeirão Preto. Especialistas afirmam que serão fechados, apenas durante a feira, negócios da ordem de mais de um bilhão de reais. Matéria publicada na revista Veja desta semana dá conta de que apenas há alguns anos a paisagem rural era outra: tratores velhos e desperdício de grãos promovido pelas velhas colheitadeiras, que perdiam cerca de 6% da safra. E isso em tempos de crédito agrícola abundante e subsídios à produção. Talvez o mais interessante na mudança da paisagem seja isto: as coisas começaram a mudar para melhor a partir da adversidade. O Estado entrou em crise, graças às dívidas, e deixou de subsidiar a produção. O crédito agrícola praticamente acabou. Com o Mercosul e a entrada dos produtos argentinos no Brasil, a situação ficou ainda mais difícil para o setor rural. Outro problema - nesse caso para os fazendeiros que exportavam seus produtos - foi a valorização da nossa moeda, nos primeiros anos do Real.Com tanta coisa contra, os fazendeiros procuraram formas de inverter esse quadro, que se mostrava desanimador: investiram em tecnologia e buscaram mercados no exterior. Resultado: a produção quase dobrou nos últimos dez anos. Segundo os especialistas, o Brasil deverá colher em 2003 uma safra recorde de 114 milhões de toneladas de grãos, contra 98 milhões em 2002, quando o PIB gerado pelo agronegócio já havia registrado um crescimento de 8% contra os 1,5% de crescimento da economia como um todo. Alguns Estados brasileiros já produzem mais soja, algodão e milho que os Estados Unidos. Nos últimos oito anos o rebanho bovino mais que dobrou e o país é hoje o segundo maior produtor de frango. O saldo da balança comercial agrícola é de mais de 20 bilhões de dólares em favor do Brasil. O setor agrícola é hoje responsável por 30% do PIB nacional e a tendência continua sendo de crescimento, até porque ainda temos áreas férteis a serem aproveitadas.É um orgulho, para nós paulistas, estarmos no centro desse movimento para cima executado pela agricultura brasileira. O Estado de São Paulo tem sido, ao longo dos anos, considerado o motor da indústria brasileira. E é uma honra e uma feliz constatação que, se a agricultura é hoje, conforme diz o título da matéria da Veja, o motor do Brasil, São Paulo está atuando como uma peça fundamental desse motor.Um dos nossos maiores desafios é enfrentar os subsídios que os países ricos têm mantido para a agricultura. Outro nosso velho conhecido é o custo Brasil. Quebrar barreiras protecionistas e diminuir o custo Brasil, principalmente no escoamento da produção, é uma batalha a ser vencida para que se mantenha o crescimento no setor agrícola.*José Caldini Crespo é deputado estadual pelo PFL e 2.º secretário da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa de São Paulo