Uma nova paisagem

OPINIÃO - José Caldini Crespo*
29/04/2003 18:24

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Esta semana o Estado de São Paulo e o Brasil estão

comemorando o surgimento da nova paisagem rural brasileira.

Tal comemoração pode ser vista e admirada na Agrishow, uma

das maiores feiras de agronegócios do mundo, que é realizada

todos os anos em Ribeirão Preto. Especialistas afirmam que

serão fechados, apenas durante a feira, negócios da ordem de

mais de um bilhão de reais.

Matéria publicada na revista Veja desta semana dá conta de

que apenas há alguns anos a paisagem rural era outra:

tratores velhos e desperdício de grãos promovido pelas velhas

colheitadeiras, que perdiam cerca de 6% da safra. E isso em

tempos de crédito agrícola abundante e subsídios à produção.

Talvez o mais interessante na mudança da paisagem seja isto:

as coisas começaram a mudar para melhor a partir da

adversidade. O Estado entrou em crise, graças às dívidas, e

deixou de subsidiar a produção. O crédito agrícola

praticamente acabou. Com o Mercosul e a entrada dos produtos

argentinos no Brasil, a situação ficou ainda mais difícil

para o setor rural. Outro problema - nesse caso para os

fazendeiros que exportavam seus produtos - foi a valorização

da nossa moeda, nos primeiros anos do Real.

Com tanta coisa contra, os fazendeiros procuraram formas de

inverter esse quadro, que se mostrava desanimador: investiram

em tecnologia e buscaram mercados no exterior. Resultado: a

produção quase dobrou nos últimos dez anos.

Segundo os especialistas, o Brasil deverá colher em 2003 uma

safra recorde de 114 milhões de toneladas de grãos, contra 98

milhões em 2002, quando o PIB gerado pelo agronegócio já

havia registrado um crescimento de 8% contra os 1,5% de

crescimento da economia como um todo.

Alguns Estados brasileiros já produzem mais soja, algodão e

milho que os Estados Unidos. Nos últimos oito anos o rebanho

bovino mais que dobrou e o país é hoje o segundo maior

produtor de frango.

O saldo da balança comercial agrícola é de mais de 20 bilhões

de dólares em favor do Brasil. O setor agrícola é hoje

responsável por 30% do PIB nacional e a tendência continua

sendo de crescimento, até porque ainda temos áreas férteis a

serem aproveitadas.

É um orgulho, para nós paulistas, estarmos no centro desse

movimento para cima executado pela agricultura brasileira. O

Estado de São Paulo tem sido, ao longo dos anos, considerado

o motor da indústria brasileira. E é uma honra e uma feliz

constatação que, se a agricultura é hoje, conforme diz o

título da matéria da Veja, o motor do Brasil, São Paulo está

atuando como uma peça fundamental desse motor.

Um dos nossos maiores desafios é enfrentar os subsídios que

os países ricos têm mantido para a agricultura. Outro nosso

velho conhecido é o custo Brasil. Quebrar barreiras

protecionistas e diminuir o custo Brasil, principalmente no

escoamento da produção, é uma batalha a ser vencida para que

se mantenha o crescimento no setor agrícola.

*José Caldini Crespo é deputado estadual pelo PFL e 2.º

secretário da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa de São

Paulo

alesp