Informações do próprio governo estadual explicam a escalada da violência em Campinas, afirma deputado


24/10/2003 14:34

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Da assessoria do deputado Renato Simões



O deputado estadual Renato Simões (PT) divulgou nesta quinta-feira, dia 23/10, dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública que, segundo ele, comprovam o congelamento da estrutura policial na cidade de Campinas durante o governo do PSDB no Estado de São Paulo.

Os números do documento enviado ao parlamentar, em resposta a requerimento de informação dirigido ao governo estadual no mês de junho, mostram que os efetivos das Polícias Civil e Militar são praticamente os mesmos, enquanto os registros de homicídios, seqüestros, roubos e furtos cresceram consideravelmente. O documento detalha a estrutura e as ocorrências policiais em Campinas no período de 1995 a 2002.

Em oito anos, o número de policiais civis na cidade de Campinas passou de 428 para 511. No entanto, o número de delegados de polícia foi reduzido de 65 (1995) para 60 (2002). O efetivo da Polícia Militar também é praticamente o mesmo, passou de 1669 (1995) para 1683 (2002). Esses são os números dos policiais militares existentes. Considerando o efetivo fixado pelo governo e que nunca foi atingido, houve uma redução de 2278 (1995) para 1784 (2002).

"A estrutura da Polícia Militar permanece exatamente a mesma. O quadro é ainda mais grave na Polícia Civil. Há claramente uma diminuição da inteligência Policial. Eles informam a existência de apenas 35 presos na unidade de detenção, para 57 carcereiros e 105 escrivões. Enquanto isso, houve uma redução dos delegados. Isso mostra que não há ação direta na investigação, no trabalho de campo", explicou.

Simões reforçou o argumento com o registro de 72.142 Boletins de Ocorrência comparado à instauração de 6.676 inquéritos policiais no ano passado. "Isso reforça a descrença da população. Apenas 6 mil registros foram transformados em inquéritos policiais. Não há investigação. E desses inquéritos, quantos foram levados a processos, quantos crimes foram esclarecidos? Isso a Secretaria não responde, diz que não há dados", protestou.

No mesmo período analisado, o número de veículos furtados e roubados subiu de 6.501 (1995) para 10.489 (2002); os homicídios dolosos aumentaram de 235 (1995) para 455 (2002); os roubos também quase dobraram, passando de 4.559 para 8.630 (2002); os furtos cresceram de 8.111 (1995) para 13.452 (2002); e o número de seqüestros que partiu de um (1995) saltou para escandalosos doze (2002), depois de já ter chegado a 21 em 2001.

No documento, a secretaria de Segurança Pública expõe ainda o número de prisões por tráfico de drogas, 241 em 1995 e 446 em 2002; e de prisões por uso de drogas, 132 em 1995 e 421 em 2002.

"Houve uma expansão das grandes quadrilhas de seqüestradores em Campinas. E o governo do Estado age apenas no varejo da droga. É mais fácil prender o usuário, pegar o pequeno fornecedor de droga. Não há trabalho de inteligência. Não há trabalho de prevenção. Precisamos é mudar a política de Segurança Pública no Estado de São Paulo. Esse discurso de truculência mantido pelo secretário não consegue impedir a expansão da violência", concluiu.



rsimões@al.sp.gov.br

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