Repleta de emoção, sentimentos e "reverie" a sugestiva visão de Antônio C. Moraes

Emanuel von Lauenstein Massarani
30/04/2003 14:09

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A pintura de Antônio C. Moraes está entre aquelas raras manifestações que devem ser contempladas e absorvidas com cuidadosa observação. Encontramo-nos frente a uma visão sugestiva de formas e cores validamente sustentadas por um firme modelo interior, vivo de recordações tradicionais mas elaboradas sobre uma visão nova, sólida e repleta de valores humanos.

Trata-se de uma pintura que fascina por que feita de sugestão e de medida, que nasce do conhecimento exato de sensações vividas e não de conceitos sugeridos por vazias relações formais. É como se examinássemos uma pesquisa pictórica não isenta de um sutil virtuosismo, mas consolidada constantemente por um seguro e sério estudo construtivo.

Se a arte, como se costuma afirmar, se configura no encontro sempre novo e sugestivo entre o indivíduo e a realidade, para Antônio C. Moraes a condição desse encontro é modulada por uma relação de luz e cor entre formas exatas e volumes, mesmo se controladas por uma visão serena de poética sensibilidade.

Se existe algo que esse artista não esquece quando pinta é a de se sentir profundamente ligado à tradição e à paisagem, e neles existem um entrelaçar de sentimentos e de situações, de equivalência e de dimensões na qual os sinais habituais de referencia não contam mais.

Possui o pintor uma sorte de filtro emotivo que se identifica no mundo de suas paisagens que devem ser entendidas como páginas de um diário, no qual, dias após dias, viagem após viagem, emoção após emoção, são agradavelmente anotadas. Com coerência e sem distorções, define em termos pictóricos validos, a difícil imagem da própria verdade moral e poética.

Inspirado na natureza o artista nela encontra o fascínio e os germes da exaltação, testemunho de poesia e da eterna repetição dos fenômenos criativos. Árvores, flores, pássaros, paisagens exóticas e urbanas, panoramas de montanhas e marinhas, constituem a rica temática de Antônio C. Moraes. Na tela "Araras da Amazônia", doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, a emoção, os sentimentos e a fantasia são elaborados na meditação e na "reverie" e expressos com apurada técnica, sensibilidade e imediatismo de linguagem.

O Artista

Antônio da Conceição Moraes nasceu em São Paulo em 1940. Iniciou sua carreira artística em 1958 com desenhos para vitrais e para gravações em cristais. Em 1962 passou a trabalhar com projetos de Arquitetura e Paisagismo. A partir de 1990, pretendendo levar avante sua carreira de artista plástico se projetou como professor em pintura a óleo com a colaboração da Galeria Sérgio Longo. Lecionou ainda nas Galerias Gesso Arte, Espaço Matisse e no Liceu de Artes do Embu. Atualmente da cursos nas Galerias Finarte e Erni.

Entre as inúmeras exposições individuais e coletivas destacam-se: Painel na sede do Edifício Pão de Açúcar (2002); XI e XII Salão de Artes da Associação Comercial de São Paulo, 1º prêmio "Aquisição" e Medalha de Ouro (1998 e 1999); III Salão Paisagem Brasileira na Associação Paulista de Belas Artes "Prêmio Innocêncio Borghese (1997); Salão de Arte da S. E. Palmeiras (Paleta de Ouro); I Salão Astra (Medalha de Ouro); Espaço Cultural do Shopping Center Tamboré (Medalha de ouro) (1996); I Concurso de Arte Livre "Maison Saint Germain", Medalha de Prata, I Odisséia de Mairiporã - 1º lugar (1995); V Salão de Arte da Universidade São Judas Tadeu (Medalha de Ouro); Espaço Promenade Shopping Eldorado (1992); XI Salão de Artes Plásticas de Santo Amaro (Medalha de Ouro); 49º Salão de Artes Plásticas da Casa de Portugal (1991).

Participou como jurado em diversos salões de arte e seu quadros encontram-se em coleções particulares e oficiais da Itália, Holanda, Portugal, Japão, Argentina, Inglaterra, Estados Unidos e Brasil, como, por exemplo, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

alesp