Parlamentar quer discutir política de combate ao crescimento da Aids na Terceira Idade


18/10/2005 09:55

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Da assessoria da deputada Maria Lúcia Prandi

A deputada Maria Lúcia Prandi (PT) solicitou uma audiência com o secretário de Saúde do Estado, Luiz Roberto Barradas Barata com o objetivo de discutir a implementação de uma política estadual específica para conter o crescimento da Aids na Terceira Idade. Dados do Ministério da Saúde apontam um aumento de 800% no número de casos envolvendo pessoas com 60 anos de idade ou mais, desde 1991.

A parlamentar foi motivada pela divulgação de pesquisa realizada pela professora e mestre em Gerontologia pela PUC de São Paulo, Gylce Eloísa Panitz Cruz, que durante quatro anos analisou os prontuários de 193 idosos com HIV, atendidos na Seção de Referência em Aids de Santos. Desse total, 97 foram pesquisados, dando origem à tese de mestrado A nova idade da Aids " Um perfil epidemiológico de Portadores Idosos.

Conforme o estudo, 78,3% dos infectados pesquisados tinham entre 60 e 69 anos de idade e os demais, 21,7%, entre 70 e 79 anos. Dos 97 casos analisados, 55,7% eram homens, contra 44,3% mulheres. Além disso, 1/3 das pessoas possuía o Ensino Fundamental completo. O dado mais surpreendente é que o termo "ficar", tão comum entre os jovens para definir o relacionamento com múltiplos parceiros, também está presente na Terceira Idade.

"O estudo traça um perfil dos idosos infectados pelo HIV em Santos, mas é um referencial para uma política mais ampla de atendimento. Sem dúvida, este é um segmento da população que precisa ser trabalhado de maneira diferenciada, com campanhas educativas dirigidas", enfatiza a deputada Prandi, que há quatro anos coordena a Frente Parlamentar Pró-Envelhecimento Saudável.

A parlamentar também pretende se reunir nos próximos dias com a professora Gylce para conhecer mais detalhes sobre a pesquisa. Conforme recorda a parlamentar, uma das audiências da Frente Estadual Pró-Envelhecimento Saudável discutiu a sexualidade na Terceira Idade.

"Nos últimos anos, muitos tabus foram quebrados e entre eles a sexualidade na Terceira Idade. Apesar disso, muitas pessoas ainda se surpreendem quando se fala em sexo entre idosos. Quebrar este preconceito é ponto de partida para revertermos o quadro de crescimento da Aids entre as pessoas com mais de 60 anos", enfatiza Prandi, lembrando que a Frente já tem outro debate sobre o tema programado para o início de 2006.

mlprandi@al.sp.gov.br

alesp