Opinião - Sistema Hidroviário como opção aos congestionamentos dos grandes centros urbanos


19/08/2009 19:00

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O sistema hidroviário do Estado de São Paulo poderá ser uma das opções aos congestionamentos observados nos grandes centros urbanos. Isso poderá ocorrer caso o Governo Federal, Governo Estadual e as prefeituras procedam aos investimentos no setor, que devam aparecer aliados ao planejamento de ações estratégicas e ao cumprimento de adequação da infraestrutura hidroviária. Atualmente, o transporte hidroviário está sendo considerado o mais eficiente em nível mundial simplesmente por consumir pouca energia e por ser o mais eficaz em relação aos cuidados exigidos com o meio ambiente.

Para se ter uma ideia, um comboio duplo hidroviário com quatro chatas e um empurrador possui capacidade para transportar cerca de seis mil toneladas, contra 35 toneladas distribuídas em 172 carretas de grande porte. No comparativo com o transporte ferroviário, o comboio corresponde a 86 vagões com capacidade de 70 toneladas. Não bastasse a enorme diferença entre a capacidade para o transporte de carga, o sistema hidroviário iria retirar das estradas e rodovias grande número de caminhões, que são os responsáveis por parte dos congestionamentos.

Além disso, outro fator importante está relacionado ao meio ambiente, pois este tipo de sistema iria oferecer uma melhora da qualidade do ar, já que a emissão de poluentes é muito baixa se comparada com a de caminhões. O sistema hidroviário, ao contrário do divulgado por alguns ambientalistas, não representa riscos aos rios e tampouco às suas margens. Aliás, tamanha a preocupação com o meio ambiente que as empresas responsáveis pela construção de embarcações estão reforçando a estrutura, principalmente daquelas destinadas ao transporte de combustíveis.

Também devemos lembrar que o Brasil é o país da logística. O conjunto sobre o planejamento, a operação e o controle do fluxo de materiais, as mercadorias, os serviços e as informações, a integração e a racionalização das funções sistêmicas, desde a produção até a entrega, fará com que os setores públicos e privados despendam maior investimento " e muita atenção " no setor de transporte hidroviário. No entanto, 60% dos investimentos no país ainda são destinados aos transportes rodoviários, sendo que estes se referem à construção e manutenção de rodovias.

Como exemplo, cito o sistema hidroviário Tietê-Paraná, que possui 2,4 mil quilômetros de vias navegáveis de Piracicaba e Conchas até Goiás, Minas Gerais (ao norte) e Mato Grosso do Sul, Paraná e Paraguai (ao sul). Liga cinco dos maiores Estados produtores de soja do Brasil, o que o classificou como a "Hidrovia do Mercosul". Em seu trecho paulista, a Hidrovia Tietê-Paraná possui 800 quilômetros de vias navegáveis, dez eclusas, dez barragens, 23 pontes, 19 estaleiros e 30 terminais de cargas. Este sistema é prova de que a solução existe e deve ser avaliada.

Assim com o sistema hidroviário Tietê-Paraná, destaco o trabalho desenvolvido pelo Porto de São Sebastião. Localizado no litoral norte do Estado, a 200 km da capital, o canal de São Sebastião é considerado a terceira melhor região portuária do mundo. Para promover a modernização da capacidade operacional do porto, com o aumento do comércio exterior e o maior número de movimentação de cargas do sistema portuário, o Governo do Estado criou a Companhia Docas de São Sebastião, vinculada à Secretaria Estadual dos Transportes, do qual é diretor presidente.

A Companhia Docas de São Sebastião tem por finalidade administrar e desenvolver um sistema logístico e de infraestrutura do Porto de São Sebastião, delegado pela União ao Estado de São Paulo, em convênio firmado em 15 de junho de 2007. Porém, espero que a nova estruturação da companhia permita o aumento da capacidade portuária do Estado, promovendo a competitividade entre os terminais existentes e beneficiando os usuários e a economia estadual, já que o Porto de São Sebastião movimenta cerca de 500 mil toneladas por ano.

Os investimentos no sistema hidroviário estão sendo realizados, mas ainda existem muitas etapas importantes a serem superadas. As perspectivas para uma possível melhora acerca dos congestionamentos nos grandes centros urbanos existem e foram colocadas para que os profissionais possam promover suas discussões, com sugestões e críticas condizentes. Na Comissão de Transportes e Comunicações os parlamentares têm colaborado com propostas e projetos que possuem uma única finalidade: o desenvolvimento sustentável dos transportes no Estado de São Paulo.



* Edmir Chedid é advogado, deputado estadual pelo Partido dos Democratas e presidente da Comissão de Transportes e Comunicações da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

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