Opinião - A crise global alcança o Brasil


23/10/2008 16:51

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A crise financeira mundial está batendo às portas da economia brasileira. O tsunami que começou na mais forte economia do mundo, os Estados Unidos, e chegaria aqui como uma marola, segundo o presidente Lula, já está fazendo ondas fortes. As autoridades monetárias inicialmente minimizaram o impacto no país e deram declarações desencontradas. Talvez esse comportamento seja pelo momento eleitoral pelo qual passávamos. Não se pode negar que a crise já está fazendo estragos na nossa economia, em vários setores: a construção civil projeta redução da atividade e pede socorro ao governo; a indústria automobilística refaz planos; e o crédito às empresas e consumidores está ficando curto.

Embora, algum atraso, as autoridades estão adotando algumas medidas para tentar neutralizar os efeitos da crise, como a redução dos depósitos compulsórios dos bancos, para ampliar o crédito; autorização para que os bancos do governo federal comprem instituições financeiras ou empresas em dificuldades; ajuda à construção civil; e o Banco Central queimou alguns bilhões de dólares das reservas para aplacar o câmbio. Apesar dessas providências, a situação ainda continua tensa, o dólar e a bolsa na montanha russa, e muita incerteza sobre o que virá pela frente.

Há dias participei de um debate na TV Assembléia, com o deputado Waldir Agnelo (PTB), o professor de Finanças da USP José Roberto Savóia, e do economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), José Silvestre de Oliveira, mediado pela jornalista Izabel Ortiz Mendes. Todos concordaram que o momento é preocupante e de muita cautela, pois essa crise pode não se revelar tão negra como a que está ocorrendo nos Estados Unidos, mas não podemos ficar na base do "achismo", como vem se comportando algumas autoridades.

E não nos esqueçamos que no atual momento a serenidade, o bom senso e a competência têm que ser a tônica das notícias de nossos dirigentes. Enganar com ilusões pode gerar conseqüências nefastas. Em razão dessa instabilidade, entendo que os empresários e consumidores devem analisar bem a situação antes de realizar investimentos ou contrair gastos, com juros de longo prazo, para não amargar prejuízos no futuro. Outra preocupação nossa é com os empregos, que poderão ser duramente afetados, como vem ocorrendo na China, Estados Unidos e Europa, onde empresas reduziram atividades e anunciaram demissões.

A perspectiva de queda na arrecadação, justamente pela desaceleração da economia e o consequente recuo no crescimento do país, já está tendo impacto no orçamento da união, cujo relator anunciou que fará cortes. Essa situação poderá afetar também o orçamento paulista, influenciando negativamente a prestação de serviços à população.

Apesar do momento preocupante, vamos ficar na torcida para que essa turbulência seja passageira e que seus reflexos possam ser contidos de forma a não penalizar nossas empresas e, principalmente, nossos compatriotas. Finalmente, vamos confiar em Deus, pois não dizem que ele é brasileiro?

alesp