REDUZINDO A EXCLUSÃO DIGITAL - OPINIÃO

Duarte Nogueira*
22/08/2001 11:15

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Se até então a grande preocupação era a redução dos índices de analfabetismo, a expansão da tecnologia originou um outro desafio, não menos importante: o de se evitar o aumento dos chamados excluídos digitais, aqueles que, por diversas razões, ainda estão fora da chamada era da informação.

Dominar um computador hoje passou a ser tão fundamental quanto saber ler e escrever. As máquinas estão em todos os lugares - bancos, supermercados, meios de transporte - e, de um terminal de computador, é possível pagar contas, fazer compras e buscar informações em todas as partes do mundo e sobre qualquer coisa. Com tanta facilidade disponível, os pré-requisitos a um candidato a emprego, por exemplo, tornam-se mais rigorosos.

No entanto, ainda são poucos os que têm acesso a um computador. Segundo pesquisa Ibope de maio de 2000, a causa mais aparente de exclusão social refere-se ao custo dos equipamentos, da linha telefônica e dos serviços. Na classe A, por exemplo, 87% possuem um computador em casa e desses, 85% acessam a internet. Já nas classes D e E, com menor poder aquisitivo, apenas 11% dispõem de um equipamento em casa e, desse universo, 2% podem utilizar a rede mundial de computadores.

A pesquisa também detectou que o acesso aos computadores também se correlaciona ao grau de instrução. Dos que concluíram o ensino fundamental, 28% têm acesso a computadores, e o uso da internet é maior conforme aumenta a escolaridade. Nesse aspecto há um outro agravante: quanto menor o nível de escolaridade, maior a restrição ao uso da internet, já que grande parte do conteúdo é em língua inglesa.

O desafio de reduzir a exclusão social passa pela necessidade de democratizar o acesso a computadores, e esse tem sido o esforço do governo do Estado por meio do programa Acessa São Paulo. A meta é elevar a taxa de acesso à internet das classes D e E, dos atuais 2% para 50% em dois anos. Para isso o trabalho foi dividido em três frentes: a implantação de infocentros comunitários, públicos, e pontos públicos de acesso à internet.

Os infocentros municipais serão implantados em bibliotecas públicas e em entidades comunitárias e estarão equipados com um número de micros proporcional ao tamanho da população. Funcionarão durante 12 horas, permitindo o acesso à internet. Já há cinco infocentros instalados na Grande São Paulo desde julho e a meta é implantar 124 nos próximos dois anos, incluindo o interior do Estado.

No caso dos infocentros comunitários o objetivo é permitir a produção de sites, jornais comunitários, proporcionar capacitação, acesso e consultas gerais. Já os pontos públicos de acesso serão implantados em locais de grande fluxo como metrôs e estações de ônibus. São estratégias simples, mas que prometem eficiência.

A exclusão digital não pode se transformar em mais um indicador negativo para medir nosso grau de desenvolvimento. Deve ser combatida da mesma forma como se trabalha para reduzir o analfabetismo e a evasão social. É um problema tão grave quanto estes.

* Duarte Nogueira é engenheiro agrônomo, líder do governo na Assembléia Legislativa e vice-presidente do PSDB de São Paulo. Foi secretário de Estado da Habitação no governo Covas (95/96).

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