A "Operação Verão" nas travessias litorâneas


12/12/2002 16:00

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DA ASSESSORIA

A deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT) quer saber se o governo estadual irá implantar um esquema especial nas travessias litorâneas, para dar vazão ao crescimento do fluxo de veículos nesse período do ano. Em Requerimento de Informações protocolado na Assembléia Legislativa, a parlamentar pede detalhes sobre a "Operação Verão", indagando quanto ao número de embarcações que serão mantidas em operação em cada uma das travessias (Litoral Norte, Baixada Santista e Litoral Sul).

A deputada está preocupada em saber se o sistema, particularmente a ligação Santos-Guarujá, conseguirá suportar o crescimento ocasionado pela inauguração da nova pista da Rodovia dos Imigrantes, marcada para o próximo dia 17. "Esta travessia já é a maior do mundo em volume de tráfego, transportando cerca de 22 mil veículos por dia. Na temporada, este número cresce ainda mais, atingindo em alguns feriados prolongados picos com mais de 30 mil veículos. Este ano, com a nova Imigrantes, este volume deverá ser ainda maior", explica Maria Lúcia.

Entre os questionamentos formulados pela parlamentar, está uma indagação sobre as conseqüências negativas geradas pelo corte de 66% nas verbas que deveriam ter sido aplicadas na reforma de atracadouros e embarcações. "Estes recursos também seriam aplicados no aumento de capacidade das balsas. Porém, o serviço não foi feito porque o Governo do Estado cortou verbas. Isto poderá complicar a operação da travessia Santos-Guarujá, com aumento das filas e tempo de espera", afirma Prandi.

Limite

Conforme lembra Maria Lúcia, a Ecovias (concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes) estima que haverá um crescimento de 70% na capacidade de fluxo do sistema rodoviário que liga a Baixada à Grande São Paulo. De imediato, o estudo aponta um aumento de 10% no número de automóveis que descem para o litoral e demonstra que 20% do total de usuários do sistema têm o Guarujá como destino. "Por isso, este plano especial para o verão é importante. Porém, urge um planejamento a longo prazo, que poderá incluir novos pontos de travessia ou até mesmo a construção de um túnel entre Santos e Guarujá", destaca Maria Lúcia.

Como exemplo de que o atual sistema está no limite e perto da saturação, a deputada Prandi cita como exemplo um caso ocorrido na manhã desta quinta-feira, 12/12. "Das cinco balsas em operação, duas quebraram, reduzindo a capacidade de escoamento da travessia, porque não havia embarcações reservas para serem acionadas. Como conseqüência disso, a espera do lado de Guarujá ultrapassava meia hora e a fila do lado de Santos chegou às proximidades do Aquário Municipal", cita a parlamentar.

Para Prandi, isto demonstra claramente que o sistema opera no limite e que qualquer imprevisto causa longas filas e aumenta enormemente o tempo de espera. "Imagine uma situação como a de hoje durante a temporada, depois que a segunda pista estiver em funcionamento", frisa Maria Lúcia, destacando que a AGEM e a Dersa, juntamente com as prefeituras de Santos e Guarujá, trabalham num projeto de ampliação. "Estes estudos, porém, já se arrastam há quase dois anos, sem nenhuma solução colocada em prática. O crescimento da demanda está aí e não nos preparamos para absorvê-la", aponta.

Outra questão que indica esta saturação é que a Dersa está realizando uma concorrência para alugar mais duas embarcações (uma para Santos-Guarujá e outra para São Sebastião-Ilha Bela). "Se houvesse um planejamento estratégico, não seria mais lógico e mais barato a própria Dersa construir estas balsas e tê-las definitivamente? A estatal possui estaleiro com esta capacidade, bastando contratar uma empresa para esta finalidade", lembrando ainda que o edital prevê a abertura dos envelopes apenas para o próximo dia 30. "Conseqüentemente, estas embarcações não poderão ser usadas nos feriados do Natal e do Ano Novo, período crítico para as travessias, quando normalmente são registrados recordes de veículos."

Fiscalização

Ao mesmo tempo, a parlamentar também manifesta preocupação com a fiscalização das filas que se formam nas avenidas de acesso às áreas de embarque. Conforme ressalta Prandi, é preciso que haja um esquema especial para inibir e punir aqueles que tentam "furar" a fila, criando enormes confusões, que muitas vezes só se encerram mediante intervenção policial. "Antes de mais nada, é preciso trabalhar para evitar a ocorrência de filas. Como isto é praticamente impossível, a Dersa e a OPMariner (operadora das travessias) devem montar um esquema de fiscalização eficaz, incluindo até a circulação de fiscais com motos e bicicletas", finaliza a parlamentar.

alesp