Liberdade de escolha para o bolso

OPINIÃO - Arnaldo Jardim*
22/05/2003 19:37

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O consumidor brasileiro pode se considerar um privilegiado: sua liberdade de escolha em relação ao combustível usado em seu tanque deu um salto significativo - e qualitativo - em 2003, com a chegada ao mercado dos primeiros veículos multicombustíveis (flexfuel). O lançamento dos primeiros modelos causou alvoroço, com direito à fila de espera.

As montadoras, principalmente as grandes, têm investido neste filão. Se a Volkswagen foi pioneira, ao lançar o Gol Total Flex em março deste ano, em breve terá companhia - a Fiat pretende entrar com sua versão multicombustível do Palio no segundo semestre de 2003, a GM pretende entrar com o Corsa e a Ford, com o Fiesta. Como coordenador da Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável, vejo com otimismo o futuro desta tecnologia, principalmente no que diz respeito ao uso do álcool combustível.

A recente introdução dos veículos multicombustíveis, que funcionam com qualquer mistura de álcool e gasolina, representa mudança significativa tanto para a indústria automobilística como para o consumidor, principalmente aquele que tende a escolher o modelo de carro pelo preço do combustível. Tendência que acaba por favorecer o consumo de álcool, uma vez que o Brasil conta com a infra-estrutura de atendimento montada, da distribuidora ao posto de gasolina, além do custo de produção mais baixo do mundo.

O aumento do interesse internacional pela mistura do álcool na gasolina, como ocorre na Índia, China, Austrália e mesmo nos Estados Unidos, onde a indústria petrolífera exerce forte pressão a favor de combustíveis fósseis e derivados, pode trazer dividendos para o Brasil. Assim, o carro multicombustível brasileiro pode chegar ao mercado internacional, gerando mais empregos e mais divisas ao nosso País.

Não que os brasileiros sejam pioneiros nesse tipo de veículo: os norte-americanos saíram na frente, com uma frota estimada em mais de dois milhões de veículos multicombustíveis, principalmente de frotas oficiais.

Por trás do interesse em veículos multicombustíveis e pela mistura de álcool na gasolina está a necessidade mundial de reduzir a dependência do petróleo, uma fonte de energia fóssil com os dias contados. Nesse ponto, o Brasil tem o privilégio de ter suas reservas provadas aumentadas em 15,7%, passando para 9,81 bilhões de barris em 2002, em comparação com os 8,45 bilhões de barris em 2001, segundo a ANP - Agência Nacional do Petróleo. Assim, o País tem reduzido sua necessidade de importação - fato cada vez mais raro em outros países.

Também pesa a questão ambiental, uma vez que a queima de combustível fóssil, como a gasolina, aumenta a emissão dos gases causadores do efeito estufa. É nesse ponto que o carro multicombustível pode representar um novo impulso para o álcool brasileiro, já que o seu uso tem impacto positivo sobre o meio ambiente, principalmente nas grandes cidades. Se o veículo flexfuel representa liberdade de escolha, por que não escolher o mais econômico e o mais saudável?



*Arnaldo Jardim é deputado estadual, engenheiro civil e coordenador da Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável

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