O lirismo poético de Suely Pinotti: uma concentração de imagens de extrema pureza

Emanuel von Lauenstein Massarani
02/12/2002 15:48

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O vocabulário formal de Suely Pinotti é constituído de novas formas incorporadas às suas composições, onde usa transparências e sobreposições de imagens. Elas se ordenam com "souplesse", musicalmente sobre grandes fundos policromáticos, cores extremamente refinadas, cultivando as graduações do pastel com harmonia pacífica.

Possuidora de uma técnica segura está apta a integrar o desenvolvimento unitário de todos os elementos de sua forte inspiração à sua rica dimensão interior. Sua arte é também uma busca de valores e de formas pertinentes à realidade social contemporânea. É o resultado de um estado e de uma lucidez mental sempre coerentes e autônomos.

A exemplo de Serge Poliakoff, estamos frente a uma pintura cuja força e originalidade representam o mais expressivo modernismo. O equilíbrio alcançado, tanto nas formas quanto na cor, atinge precisas tensões emocionais e nos faz descobrir uma artista de um profundo lirismo poético.

Pintora extremamente convincente pelo vigor estilístico, por inatos dotes de uma rica natureza, a cor está no fundamento do seu processo criativo interior e envolve, integrando-os, outros meios expressivos. A artista consegue evidenciar através da cor, que também é um gesto e um chamamento interior, um profundo conteúdo espiritual e estético.

A cor se articula numa coerente estruturação geométrica irregular, de relações e de contrastes tonais. Ela se exprime com uma linguagem moderna, pronta a exteriorizar os conteúdos psicológicos e existenciais da condição humana atual.

Cada obra tende a desligar-se de toda e qualquer suspeita de casualidade ou de simples exercício do gosto. Suely Pinotti opõe o valor original da expressão ao abuso e a inflação léxica. Fruto de uma elaboração expressionista, o processo que realiza nos conduz a uma concentração de imagens de extrema pureza.

O resultado é uma obra elaborada em imagens fortemente sintéticas, como símbolos essenciais. Sua pintura, como na obra oferecida ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, germina do profundo do eu, sensível ao valor do espaço, da forma e da cor.

A Artista

Suely Pinotti, natural de São José do Rio Preto, atualmente reside em São Paulo. Bacharel e licenciada em Psicologia e Pedagogia pela Universidade Católica de São Paulo, é professora de Educação Artística por concurso do Ensino Oficial.

Especialista em recursos audiovisuais pela Universidade de São Paulo, é docente do Departamento de Artes Plásticas do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas - São Paulo (Unicamp).

Em seu percurso artístico teve como interlocutores Bernardo Caro, Berenice Toledo, Fúlvia Gonçalves (Campinas), Sérgio Fingermann e Carlos Fajardo (São Paulo).

Participou de numerosas exposições individuais, dentre as quais se destacam: Mostra Galeria Convívio, Campinas (1974); XIV Bienal Internacional de São Paulo (1977); Galeria Tendências, Campinas (1983); Galeria Automóvel Club, São José do Rio Preto (1986 e 1998); Museu de Arte Brasileira - FAAP, São Paulo (1987); Galeria Portal, São Paulo (1990); Galeria Hebraica, São Paulo (1993); Museu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti MACC, Campinas (1997); Galeria Frida Kahlo, Campinas (2000); Galeria de Arte da Embaixada do Brasil, Roma, Itália (2001); e Galeria Espaço Virgílio, São Paulo; Galerie d´ Art Francois Mansart, Paris, França (2002).

De suas exposições coletivas, destacam-se as mostras internacionais: Brazilian Shapes Hotel Hilton Cavalieri, Roma, Itália (1986); Universidade Negev, Israel (1993). Assim como as nacionais: Salão de Arte Contemporânea de Santo André (1973, 1974 e 1975); 34º Salão Paranaense - Governo do Estado do Paraná (1977); II Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba (1978); Pré-Bienal de São Paulo A Trama do Gosto Arte Postal, São Paulo (1987); Galeria do Centro de Convivência, Campinas (2001).

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