Deputada Prandi aborda discriminação do negro no livro didático, em atividade na Assembléia Legislativa


19/11/2002 16:49

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DA ASSESSORIA

Preconceito e discriminação também se aprendem na escola, sob o aval de livros didáticos que sedimentam a cultura racista. A polêmica questão será abordada pela deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT), na quarta-feira (20/11), às 19h30 horas, como parte da programação da I Semana de Cultura Negra, promovida pela Assembléia Legislativa de São Paulo.

"É absurdo e revoltante como muitos livros didáticos transmitem a imagem de que o negro é um ser inferior e ruim, nascido para servir os brancos e culturalmente atrasado. Mais absurdo e revoltante ainda é que esses livros continuem sendo adotados", protesta Prandi, afirmando que a sociedade brasileira ainda tem que avançar muito no combate ao racismo.

De acordo com Prandi, as imagens esteriotipadas incutem valores negativos. "A mulher negra é quase sempre mostrada na cozinha e, o homem negro, na lavoura. As crianças negras e mestiças são representadas como rebeldes ou com maus hábitos de higiene. Não se vê um negro de terno e gravata ou por trás de uma escrivaninha, conforme os tradicionais símbolos de status", afirma Prandi. Mais ainda: há uma falta generalizada de informações, nos livros didáticos brasileiros, sobre a questão racial e sobre o que é discriminação.

Entre os estudos existentes sobre a questão, a deputada Maria Lúcia Prandi (PT) cita a pesquisa realizada pela pedagoga baiana Ana Célia da Silva, que resultou no livro A discriminação do negro no livro didático. "Entre outras descobertas da estudiosa, há a personagem Diva, do livro O Sonho de Talita, da editora Didática e Científica, uma menina negra que é a mais gulosa, a mais ignorante e está sempre em condição de inferioridade em relação às amiguinhas brancas", exemplifica Prandi.

Na luta contra essa realidade, a parlamentar destaca a campanha "Por uma educação sem discriminação", desencadeada pela Casa da Cultura da Mulher Negra, de Santos. O movimento aborda, entre outras, a questão do livro didático e vai além, apresentando diversas propostas para os educadores. Entre elas, destaca-se a importância de rever e mudar conceitualmente a forma de contar a história Geral e do Brasil, de modo a cobrir as lacunas existentes nos livros didáticos sobre a atuação do negro na trajetória do País.

LEGISLAÇÃO - Também como contribuição à temática, a deputada Prandi é autora de uma Indicação, pela qual reivindica que, nos Cursos de Magistério da rede pública estadual, sejam incluídas temáticas específicas referentes ao preconceito racial velado e às diversas formas de injustiça. "Nada mais eficiente do que a prática educacional para combater a perpetuação do racismo", conclui Prandi.

alesp