ESCOLAS DO CRIME - OPINIÃO

Afanasio Jazadji*
22/08/2001 10:20

Compartilhar:


Nos últimos anos, ficou bastante claro que os presídios do Estado de São Paulo e até mesmo as unidades da Febem passaram a ser verdadeiras escolas do crime. Os indivíduos de péssima índole, que se tornam grandes criminosos, acabam mudando a vida de pequenos infratores, que se deixam levar pelas pressões e fantasias desses bandidos incorrigíveis. Por isso mesmo, como deputado estadual, tenho defendido a necessidade de dois estilos extremos no combate à criminalidade e na punição a quem comete crime: precisa haver nas cadeias uma separação entre os piores bandidos e os pequenos infratores. O Estado de São Paulo tem hoje em dia mais de 90 mil pessoas em seus presídios. Na verdade, os bandidos de verdadeiro perigo constituem minoria entre esse contingente que daria para lotar o estádio do Morumbi: os perigosos, em torno de 15 ou 20 mil, realmente mataram pessoas e cometeram outros crimes graves. Para tais criminosos, a cadeia tem de ser o único lugar. Uma cadeia com todas as restrições características e com um sistema que impeça motins e fugas. Já os que praticaram pequenos crimes deveriam ficar em instituições em que pudessem trabalhar e onde o contato direto com os bandidos de má índole, tipo Primeiro Comando da Capital - PCC, seria evitado. Dessa forma, ficaria muito mais fácil encaminhar esses pequenos infratores de volta ao convívio com a sociedade: eles se mantêm trabalhando e tendo a cabeça voltada para atividades sadias, em vez de freqüentarem essas "escolas do crime" em que se transformaram os presídios do Estado de São Paulo. Ainda é tempo de mudar. No Brasil, existe muita teoria e pouca prática.



*Afanasio Jazadji é advogado, jornalista, radialista e deputado estadual pelo PFL.

alesp