A vivacidade de Sônia Menna Barreto: bom humor, sátira e reeleitura do cotidiano.

Emanuel von Lauenstein Massarani
04/12/2002 18:26

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Seria por demais simplista considerar a consagrada pintora Sônia Menna Barreto tão- somente como uma narradora. Embora se interesse pelos detalhes decorativos - um costume, um chapéu, um tapete, um lápis - ela é, sobretudo, uma pintora comunicativa, uma artista que faz do que podemos ver, isto é, a imagem, o centro de suas pesquisas.

Tanto pela suas cores exuberantes quanto pela clareza de seus detalhes, tão importantes na apreciação de sua arte, suas obras são influenciadas pelo rigor geométrico e pela perspectiva. Elas lhe possibilitam inserir suas cenas num espaço racional e surreal, com uma luminosidade apropriada que lhe permitem definir e articular nesse mesmo espaço as massas e os volumes.

Mesmo vivendo numa época de profundos conflitos ideológicos, Sônia Menna Barreto, com profundo sentido de humor, sente e traduz em suas obras - numa reeleitura "sui generis" - as esperanças, as aspirações, as lutas do povo com o qual divide as dificuldades e os sofrimentos.

O fato que uma boa parte de suas obras seja de "representação teatral", com uma cenografia envolvente, nada retira do seu valor, nem nos autoriza a pôr em discussão os seus sentimentos, para não falar do grande valor documental de que se revestem pela sua oportuna atualidade.

Em Sônia Menna Barreto, a elaboração do pensamento, da experiência pessoal e visual cede o passo a uma aproximação emotiva, a uma aceitação espontânea da vida e das coisas, a uma transfiguração do mundo, consoante a íntima natureza da artista.

Reconhecendo o caráter revolucionário dos conhecimentos adquiridos dos pintores flamengos, de Durer, de Leonardo da Vinci, entre outros, desfruta ao máximo as novas possibilidades que se oferecem à pintura. Entretanto, em vez de se perder nos meandros das teorias científicas da época desses artistas, consegue conservar e transmitir intacta uma surpreendente vivacidade.

Embora sejamos avessos a enquadrar sua pintura em alguma classe de "ismos", devemos creditar a Sônia Menna Barreto um seu estilo próprio e porque não batizá-lo de "mennabarretismo", iniciador assim de uma nova Escola.

"Film Festival", gravura digital doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, comprova a atração que sua pintura exerce sobre nós, pelo seu realismo, a sua atitude aberta e progressista, o seu conceito do homem e da arte, devidos essencialmente ao fato que também nós vivemos numa época de fermentações, que também nós temos uma missão: dar aos homens de nosso tempo novas formas, novos conteúdos e novos valores.

A Artista

Sônia Regina Gomes Menna Barreto de Barros Falcão nasceu em São Paulo, Capital. Em 1960 começou a desenhar e, a partir do ano seguinte, participou de um curso de Artes Plásticas, que freqüentou até 1962.

Pouco tempo após estes primeiros contatos, aos 16 anos de idade, foi aluna do curso de pintura de Waldemar da Costa (artista premiado na Bienal de São Paulo), durante um ano. De 1974 a 1980, lecionou Inglês. Paralelamente começou a participar de salões de artes plásticas em diversas cidades, tendo sido várias vezes premiada.

Em 1980 começou a freqüentar o ateliê do artista Luiz Portinari (irmão de Cândido Portinari), no Centro de Artes Cândido Portinari. Durante esse período, conheceu a vida artística, os movimentos, ouviu muitas histórias contadas por Portinari, que convivera com grandes pintores, escritores e poetas da época. Depois do contato com os trabalhos de Max Ernst, De Chirico, Magritte e Paul Delvaux, a obra de Sônia tomou a direção do surrealismo. Essa fase foi decisiva para sua carreira, passando a desenvolver seu lado intimista e criativo e solucionando os problemas técnicos e temáticos por si própria, sem o acompanhamento de professores.

Quando o curso terminou, três anos mais tarde, Sônia instalou seu ateliê em casa, onde iniciou seus primeiros trabalhos como artista profissional. Em 1989 realizou sua primeira mostra individual em São Paulo, obtendo sucesso de público e crítica. Em 1991, influenciada por sua participação na mostra de gravuras realizada em New York, a artista iniciou sua produção de serigrafias. Estas foram lançadas em 1995 na maior exposição individual itinerante já realizada no país, percorrendo doze cidades. Em 1999 começa a editar suas próprias gravuras digitais.

No dia 1 de outubro de 2002, a obra "Leonard Cheshire" foi entregue numa cerimônia no Palácio de Buckingham e pela primeira vez uma obra brasileira passou a integrar a Royal Collection, pertencente à Família Real Britânica, uma das mais importantes coleções de arte do mundo.

EXPOSIÇÕES

1980 - Associação Brasileira de Desenho e Artes Visuais do Rio de Janeiro, Citação (Rio de Janeiro, Brasil);

1981 - IV Salão de Artes Plásticas de Itu, Mérito Artístico (Itu, Brasil);

1982 - I Salão de Artes Plásticas Brigadeiro Eduardo Gomes, Medalha de Prata (São Paulo, Brasil);

1983 - II Salão de Artes Plásticas de Itu, Medalha de Ouro (São Paulo, Brasil);

X Salão de Arte Jovem "Primeira Mão", Prêmio Aquisição e vencedora do Prêmio Anual (Santos, Brasil);

II Salão de Artes Plásticas de Araraquara, Prêmio Aquisição e vencedora do Prêmio Anual (Araraquara, Brasil);

XII Salão Ararense de Artes Plásticas, Honra ao Mérito (Araras, Brasil);

1984 - I Salão Livre de Artes Plásticas, Workshop do Carmo (São Paulo, Brasil);

XXXIV Salão Oficial Municipal de Belas Artes de Juiz de Fora, Medalha de Prata (Juiz de Fora, Brasil);

III Salão de Artes Plásticas de Araraquara, Medalha de Ouro (Araraquara, Brasil);

Salão do Centro de Arte Contemporânea, considerada a artista que apresentou a melhor composição, Medalha de Ouro (Paris, França);

II Salão de Arte Contemporânea de São José do Rio Preto, Medalha de Ouro (São José do Rio Preto, Brasil);

Salão Livre de artes Plásticas, Medalha de Prata (São Paulo, Brasil);

VII Salão de Artes Plásticas de Itu, Medalha de Bronze (Itu, Brasil);

1989 - Galeria de Arte André (São Paulo, Brasil);

1990 - 2th Annual Artexpo, Jacob Javits Convention Center (New York, EUA);

1992 - Chapel Art Show, 1º Prêmio de Pintura (São Paulo, Brasil);

1993 - Chapel Art Show, 1º Prêmio de Pintura (São Paulo, Brasil);

1994 - Chapel Art Show, 1º Prêmio de Pintura (São Paulo, Brasil);

1995 - Galeria de Arte André (São Paulo, Brasil);



1996 - Ambassador Galleries, Soho, Nova York (EUA);

1997 - Chapel Art show, 1º Prêmio de Pintura (São Paulo, Brasil);

19th Annual Artexpo, (New York, EUA);

Artexpo - Los Angeles Convention Center - (Los Angeles, EUA);

Representação e distribuição de serigrafias pela Discovery Galleries;



1998 - 20th Annual Artexpo, (New York, EUA);

Chapel Art show, 1º Prêmio de Pintura (São Paulo, Brasil);

Casa das Artes (São Paulo, Brasil);



1999 - 21th Annual Artexpo, (New York, EUA);

Chapel Art show, 1º Prêmio de Pintura (São Paulo, Brasil);

2000 - 22th Annual Artexpo, (New York, EUA);

Yellow Springs Art Show ( Chester Springs, PA, EUA );

Expo Antiquaria ( Buenos Aires, Argentina );

JM Gallery ( New York, EUA );

2001 - 23th Annual Artexpo, (New York, EUA);

Yellow Springs Art Show ( Chester Springs, PA, EUA );

JM Gallery ( New York, EUA );

Festival Internacional "Bravissimo" - Brasilart (Cidade da Guatemala - Guatemala);

XXXII Arte Contemporânea Brasileira - Chapel Art Show (São Paulo, Brasil);

2002 - Galeria de Arte Mali Villas Boas (São Paulo, Brasil);

Projeto Shell - Royal Collection (Londres, Inglaterra).

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