Para quem está, como nós, há muito tempo na vida parlamentar, muitos fatos passam a ser repetitivos, para não dizermos, redundantes. A vida parlamentar nos permite participar, e até fazer história. Participar, na medida em que buscamos, no dia a dia da política, meios para melhorar a vida da sociedade, aprimorando as nossas leis, lutando com seriedade pela coisa pública. Fazer história quando, tanto como cidadãos, como por parlamentares, conseguimos transpor a fina silhueta que separa as duas funções, e nos integramos aos mesmos objetivos da sociedade como um todo. Um desses fatos foi a promulgação de nossa Constituição.

Falei sobre isso como preâmbulo de algo que pretendo comentar. Lá se vão duas décadas, quando assisti, no Plenário da Assembleia, o então deputado Erasmo Dias cobrando do então governador Orestes Quércia a construção de uma ligação rodoviária entre o bairro de Parelheiros, no extremo sul da capital, a Itanhaém, no litoral.



Tempos depois, durante audiência com o governador Geraldo Alckmin, em seu primeiro mandato, citei o autor da ideia e obtive a promessa de que seria feito um estudo para verificar a viabilidade do projeto. Continuei atento ao assunto, e cheguei a publicar artigo no Diário Oficial cobrando do Executivo o estudo sobre a estrada.

Hoje, quando o governo do Estado anuncia que o assunto passa a ser alvo de estudos, temos a convicção da importância da ideia. Além de abrir novas perspectivas tanto para a região sul da capital, como para o litoral, uma ligação rodoviária seria vital para o desenvolvimento da carente região de Parelheiros, e mais importante ainda para o turismo no litoral sul paulista. E some-se a isso a importância para a Rodovia do Mercosul " BR 116/376/101, que vai da cidade de São Paulo ao Uruguai ", escoando produtos diretamente para o porto de Santos.



Some-se a isso o ainda incipiente projeto, discutido na iniciativa privada, que pretende construir em Itanhaém, um superporto, voltado para grandes embarcações. A estrada, em que pese ser apenas um estudo, mostra a visão política e econômica de Erasmo Dias, um político a quem devemos reconhecer a importância, embora jamais tenhamos aceitado a sua postura discutível como secretário da Segurança, num período triste de nossa história. Nem por isso vamos abandonar a velha citação bíblica, "dai a César o que é de César".



*Vitor Sapienza é deputado estadual (PPS), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, economista e agente fiscal de rendas aposentado.