Audiência pública revela indignação com situação de conjunto hospitalar

Diretores tentaram minimizar problemas, mas foram contestados por representantes dos usuários, funcionários e médicos
04/10/2001 19:10

Compartilhar:


Da Assessoria

Durante a audiência pública realizada na Câmara Municipal de Sorocaba na noite desta quarta-feira, 3/10, o diretor do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), doutor José Mauro Rodrigues, e o coordenador de Saúde do Interior da Secretaria de Estado da Saúde, doutor Roberto Mauro Borges, procuraram, sem sucesso, minimizar os problemas denunciados.

Os médicos procuraram dar ênfase às áreas do conjunto hospitalar que, segundo eles, estão em bom funcionamento. Porém, foram contestados por representantes dos usuários, funcionários e médicos, que fizeram diversas denúncias, inclusive de falecimento de pacientes por falta de atendimento.

A audiência, organizada pelo vereador sorocabano Arnô Pereira (PT), contou com a participação de cinco deputados estaduais, membros da Comissão de Representação da Assembléia Legislativa de São Paulo, constituída para apurar as denúncias de irregularidades existentes no CHS.

Unanimidade

Hamilton Pereira (PT), 1.º secretário da Assembléia Legislativa, considerou produtiva a audiência devido ao conjunto de informações apresentadas, que, segundo o deputado, irão contribuir para o trabalho da Comissão. "A unanimidade dos depoimentos sobre o sucateamento no Conjunto Hospitalar nos mostrou que existe uma vala entre a forma como a direção vê o CHS e o que realmente acontece", afirmou Hamilton.

O deputado petista também se mostrou insatisfeito com o posicionamento do doutor José Mauro e afirmou que esperava que ele assumisse a realidade do CHS e contribuísse para a busca de soluções. Para Hamilton Pereira, o posicionamento do diretor não é inédito. "Temos excelentes planejadores no governo que vivem, porém, a uma distância astronômica da realidade", disse o deputado.

O mau atendimento da rede básica de saúde de Sorocaba também foi apontado como gerador de problemas para o CHS, que recebe uma demanda que deveria estar sendo atendida pelos postos de saúde da prefeitura. Por isso, a ausência do poder público local foi muito criticada pelos presentes à audiência.

No próximo dia 11, a comissão de representação estará reunida com funcionários e usuários do CHS na Assembléia Legislativa. Hamilton Pereira espera que a contribuição das entidades possa aprimorar o relatório e, "quem sabe, sensibilizar a direção do CHS para a realização de um trabalho conjunto". Representantes do SindSaúde divulgaram o telefone (15) 234-2858, que está funcionando como disque-denúncias sobre problemas do CHS.

Relatório

O deputado estadual Hamilton Pereira (PT), em parceria com o SindSaúde de Sorocaba, elaborou um relatório que foi entregue à comissão de representação da Assembléia Legislativa e aos participantes da audiência pública que levantou os problemas do Conjunto Hospitalar de Sorocaba.

Segundo o relatório, o CHS não possui nenhum equipamento de eletroencefalograma, o que tem prejudicado pelo menos 20 pessoas a cada dia. O setor de fisioterapia também é citado e encontra-se totalmente paralisado há mais de dois anos devido à falta de equipamentos.

Outro setor prejudicado é o laboratório, que pela falta de kits para a realização de 15 diferentes tipos de exames, tem acarretado a perda de amostras de sangue que acabam ficando por até seis meses congeladas.

No CHS também faltam profissionais capacitados para a operação dos aparelhos, como é o caso da ultra-sonografia, do ultra-som de articulações e urologia. Toda essa defasagem, tanto de equipamentos como de pessoal, tem levado os pacientes a enfrentarem uma espera de pelo menos três meses para serem atendidos.

O conjunto hospitalar também apresenta uma séria deficiência em sua infra-estrutura. No setor de oncologia, onde são atendidos os pacientes de câncer, cerca de 80 pessoas, em sua maioria com a saúde seriamente abalada, aguardavam em pé para serem atendidas com pelo menos três horas de atraso, numa sala de espera de aproximadamente 35 metros quadrados.

alesp