O redescobrimento do Brasil de 1500 através da releitura de Wagner Takekawa

Emanuel von Lauenstein Massarani
11/06/2003 14:53

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A história da humanidade tem sido escrita, há milênios, através dos mapas, cuja origem antecede a criação da escrita. Com efeito, foi possível recompor a história da Terra de Santa Cruz por meio dessas cartas, de gravuras, pinturas e tapeçarias de época.

A pesquisa pictórica de Wagner Takekawa se fundamenta na redescoberta de alguns valores fundamentais de nossa história, de nossa iconografia da época da chegada dos portugueses ao Brasil nos idos de 1500, da época da invasão holandesa em Pernambuco e dos franceses com Villeguegnon, no Rio de Janeiro.

Existe na obra desse jovem pintor a redescoberta da cor e da luz de então, numa gama de sonoras determinações vitais. A superfície e o mesmo tecido cromático se abrem a sutis vibrações que, se de um lado possuem explícita enunciação emotiva, de outro lado se dobram a uma inclinação do tipo racional, como componente da estruturação visual.

Sua concepção artística transforma os valiosos documentos cartográficos, além da sua importância intrínseca, em obra de rara beleza estética, reveladora de extremo bom gosto. O registro do exotismo de nossa natureza, documentado através de árvores frondosas, araras e papagaios coloridos, paralelamente à entrada de veleiros nas costas brasileiras, traça nessa releitura um perfil de como era divulgado e conhecido o nosso país no Velho Mundo.

A imaginação fértil e a fantasia de detalhes com que Wagner Takekawa elaborou, em óleo sobre tela, a obra Terrae Papagalli, doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, são um convite aos brasileiros do terceiro milênio a conhecer o que nos foi legado e que ainda temos a descobrir.

O artista

Wagner Takekawa nasceu em 1970, em São Paulo. Cursou o 2º grau na Escola Preparatória de Cadetes do Exército em Campinas (1987-89), formou-se técnico em Publicidade pelo Colégio Oswaldo Cruz (1990) e bacharel em Direito pela Universidade Estadual Paulista, na cidade de Franca. Começou a dedicar-se ao artesanato e à pintura em Florianópolis a partir de 1997.

Participou de exposições individuais e coletivas no interior de Santa Catarina e de São Paulo, notadamente na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (2000) e em Franca (2001).

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