DIA DA MULHER: AVANÇOS NO MERCADO DE TRABALHO - OPINIÃO

Célia Leão*
06/03/2002 16:40

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Hoje, Dia Internacional da Mulher, é um dia especial. Nos últimos anos, com a luta do movimento feminista, houve um avanço significativo em relação à participação da mulher no mercado de trabalho, seja na indústria, no comércio ou serviço. Hoje, muitas ocupam postos de direção em diversas empresas nacionais e multinacionais, locais até então exclusivos aos trabalhadores do sexo masculino.

Mas como explicar as causas dessa conquista? Primeiramente, pode-se afirmar que é a qualidade da mulher em realizar a junção da razão com a emoção para tratar de assuntos profissionais. Esta fórmula, desconhecida pela maioria dos homens, tem-se mostrado imprescindível no mundo globalizado atual, com tantas multiplicidades de ação, que a razão isolada não consegue captar. Em seguida lembramos a dedicação extrema ao trabalho, possivelmente decorrente da necessidade de demonstrar claramente sua capacidade, o que nem sempre se exige dos homens, mas é cobrado sistematicamente das profissionais mulheres.

A conseqüência disto decorre naturalmente, elas crescem dentro das empresas, onde o desempenho objetivo cada vez mais é exigido. Uma reportagem da revista Veja de 20 de fevereiro mostra claramente isso. As mulheres chegam a ser promovidas três vezes mais rápido que os homens. O grau de instrução também é maior entre elas. Um estudo da Fundação de Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) denominado "Mulher e Mercado de Trabalho no Estado de São Paulo", afirma que em 1999 a taxa de participação das mulheres alcançou 52%, em todos os níveis de escolaridade.

Além disso, as mulheres possuem versatilidade, isto é, a dupla jornada que a maioria delas realiza como dona-de-casa e assalariada não é mais vista como um aspecto negativo em suas carreiras, visto que antes não podiam trabalhar fora por falta de tempo, e somente cuidavam dos filhos e da casa. Agora, essa dupla jornada vem reforçar aquilo que já sabemos: as mulheres, de forma multidisciplinar, conseguem realizar mais de um trabalho ao mesmo tempo, e todos bem feitos, sempre com esta visão diversificada da ação múltipla.

Outro aspecto positivo e divulgado na mesma reportagem é que não existe diferença salarial entre homens e mulheres, quando estes ocupam o mesmo cargo. Na verdade, elas ganham menos apenas quando o currículo deles é superior. Como prova de que a participação das mulheres no mercado de trabalho cresce a cada ano, um dado chega a nos surpreender: dos 10, 1 milhões de postos de trabalho abertos no país entre 1989 e 1999, quase 7 milhões foram ocupados por mulheres. Ou seja, sete em cada dez novas vagas no mercado foram preenchidas por profissionais femininas. Isso mostra a competência e o talento da mulher, avançando na ocupação da força produtiva nacional.

É claro que mesmo com todos esses avanços, é preciso muito mais, pois o preconceito contra o sexo feminino, decorrente de uma prática machista, ainda existe no país, fazendo "vistas grossas" a este avanço da força feminina. Porém, somente com a nossa luta, persistindo para fazer valer nossos ideais, e não buscando rivalidade no processo dos gêneros, mas sim igualdade, homens e mulheres serão tratados como iguais no trabalho e no cotidiano. Não se trata de uma "guerra de sexos", mas sim da soma dos sexos em favor da sociedade mais justa, pela aceitação da mulher no mercado de trabalho ajudando no orçamento doméstico ao final de cada mês, demonstrando às novas gerações o valor do trabalho, independente do gênero do seu executor.

A homenagem ao trabalho e à mulher que dele participa são mais um grande ponto de comemoração no dia 8 de março, e digo mais: comemoração sempre, todos os dias do ano, inclusive domingos e feriados, não trabalhados.

Célia Leão é deputada estadual pelo PSDB.

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