Inaugurada exposição Nazismo Nunca Mais

(com fotos)
07/03/2002 20:11

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DA REDAÇÃO

A Assembléia Legislativa inaugurou nesta quinta-feira, 7/3, no Hall Monumental, a exposição Nazismo Nunca Mais, idealizada por Ben Abram, presidente da Associação Brasileira de Sobreviventes do Nazismo, e apoiada pelo clube A Hebraica, representado na solenidade por José Goldfar.

Estavam presentes o presidente da Assembléia, Walter Feldman, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, Renato Simões (PT), o consul geral de Israel, Medad Medina, o presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Natan Berger, o conselheiro do Clube Atlético Paulista, Leon Alexander, o representante das Testemunhas de Jeová, Antonio Zaget, o presidente do Conselho de Comunidades de Raízes Estrangeiras (Conscre), Sérgio Serber, e os deputados Cesar Callegari e Valdomiro Lopes (PSB), Petterson Prado (PPS), Duarte Nogueira (PSDB) e Cicero de Freitas (PTB).

O idealizador da exposição agradeceu ao presidente Walter Feldman e Sérgio Serber pela cessão do espaço no Legislativo. Ele lembrou ainda que aprendemos com o passado para vivermos o presente e erguermos a cabeça para o futuro. "As fotos retratam onde pode chegar um regime totalitário como o de Hitler." Segundo Abram, o nazismo não visava apenas os judeus, mas outros alemães que não seguiam Hitler.

"Presenciei enforcamentos e fuzilamentos coletivos, além de filas em frente a crematórios e prometi que se sobrevivesse ao campo de concentração contaria ao mundo o que vi, para que aquilo não acontecesse nunca mais", disse Abram, afirmando que está cumprindo a promessa de norte a sul do Brasil.

O cônsul destacou que a época do holocausto foi uma tragédia para o povo judeu e para a humanidade. "Quem vive em Israel tem acesso a essa memória a todo o momento. Aqui no Brasil é diferente, daí a importância desta exposição."

O presidente Walter Feldman informou que a exposição é tradicional. "Todo ano ela é montada em um espaço público do Estado e está, pela primeira vez, na Assembléia." Ele salientou que o holocausto não é problema apenas do passado nem exclusivo dos judeus. "Tudo que entra para a história vira propriedade da humanidade."

Renato Simões declarou que a exposição não é só para rememorar o passado. "A humanidade aprende, com o que se passou, a projetar o presente. Aqueles que não viveram a II Guerra ou o regime militar brasileiro têm mostras como esta para aprender."

Segundo Simões, o nazismo floresceu num momento de desemprego, hiperinflação e falta de perspectivas. "Ideais de ódio surgiram a partir dessa desesperança, oferecidos pela mídia comandada pelo nazismo."

Ele ressaltou que, infelizmente, o nosso presente é assim. "Convivemos com o desemprego e a miséria. No Brasil, crimes de ódio são praticados contra os homossexuais, os nordestinos, a esquerda, enfim os segmentos que incomodam aqueles que acreditam no totalitarismo." O deputado apontou que não é essa a sociedade que desejamos, porém aquela igualitária e de paz.

"Analisar o presente e construir um futuro diferente. O holocausto não corresponde a um segmento social afetado. Toda a humanidade, além dos judeus e das testemunhas de Jeová, foi ultrajada com o nazismo e teve que construir uma alternativa, não motivada pela vingança, mas pela justiça", concluiu Simões.

Após a cerimônia de abertura, foi realizado no auditório Franco Montoro o debate Intolerância e Preconceito, com a apresentação de um vídeo sobre a temática do evento.

alesp