Com o progresso da fotografia em direção ao instantâneo, o profissional descobre uma realidade que se subtrai do olho humano. O instrumento fotográfico não documenta somente o que o olho vê, mas consegue ver e fixar a mutação das formas em intervalos temporais imperceptíveis a esse. A máquina fotográfica, que Juliana Engler utiliza com precisão científica, torna-se, para ela, a extensão de seu olhar. Não existe em suas fotos o sentido de distância entre ela e o objeto de seu interesse: no caso, o corpo humano. Alguns fotógrafos aplicam, ainda, o princípio de divisão de sua missão, qual seja, a fotografia analisa, estuda e indaga, enquanto a pintura interpreta. Esse não é o seu caso, que reabre perfeitamente o diálogo entre fotografia e pintura e consegue demonstrar a continuidade e a ingerência dessas duas técnicas de produção da imagem entre ambas. Concordamos com a artista-fotógrafa quando esclarece que no seu trabalho pode-se constatar que realmente a luz é um elemento importantíssimo para sua produção. É a luz que produz, nesse caso, um ar de mistério e de descobertas, pois, à medida que "caminha" pelo corpo, direciona o olhar do espectador para seus detalhes e minúcias, que muitas vezes passam despercebidos. Descobre-se, assim, a riqueza do corpo humano com seus volumes, sua textura, seu movimento, sua força e energia. Em suma, o objetivo é parar, olhar (talvez com outros olhos) e analisar uma coisa tão corriqueira para todos nós, podendo dessa maneira encontrar a essência humana. No ensaio fotográfico "Vibrações corpóreas", oferecido ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, Juliana Engler se revela um ser com grande espírito de observação, sem julgamento a priori de admitir buscar a realidade fotográfica com profundo sentido de humanidade, de participação afetiva e de emoção. E, acrescentaríamos, uma personalidade fortemente caracterizada e extrovertida com domínio sobre os meios técnicos, indispensáveis para todo fotógrafo. A artista Juliana Passoni Engler nasceu em Campinas em 1975. Formou-se em fotografia e design de moda pela Faculdade Santa Marcelina. Realizou também curso de laboratório preto e branco em 1995 e curso de ampliação colorida no Senac Lapa em 1997. Participou de exposições individuais, destacando-se entre elas: "Signos, Significados e Significantes", Centro Cultural Losango Cáqui, Campinas (1997); "Variações", Central Bar, Campinas (2000); e "Trincas", Café & Arte, Campinas (2001). Também esteve presente em inúmeras exposições coletivas, ressaltando-se: Senac Lapa, São Paulo (1997); "O Preto, o Branco, as Cores", Centro de Convivência Cultural de Campinas (1997); Casa da Cultura de Araraquara; Centro Têxtil Internacional, São Paulo; Mapa Cultural Paulista 98, Memorial da América Latina, São Paulo (1998); II Salão Nacional de Fotografia de Sorocaba, Oficina Cultural Grande Otelo; Mapa Cultural Paulista 99, Museu da Imagem e do Som, São Paulo; "Ipê Florido", Centro de Convivência Cultural de Campinas (1999); "Olhares sobre o Envelhecer", Unicamp, Campinas; II Bienal de Artes Visuais de São João da Boa Vista, Espaço Cultural Fernando Arrigucci (2000); "Caros Amigos", Galeria Cromo; "Sentidos", Centro de Convivência Cultural de Campinas (2001); 5º Prêmio Revelação de Artes Plásticas de Americana, Museu de Arte Contemporânea de Americana (2002).