OPINIÃO: HIV/AIDS: Luta pela erradicação e contra o preconceito


30/11/2009 18:42

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O 1º de dezembro marca o Dia Mundial de Luta contra a AIDS. Em nível mundial, ações de entidades da sociedade civil e do poder público " também empregadas em nível nacional, estadual ou municipal " resultam na adoção de campanhas educativas com a finalidade de orientar o cidadão quanto às formas de transmissão da doença e, ainda, no incentivo ao teste precoce anti-HIV. Considero que estas sejam ações fundamentais à comunidade e necessárias por levar a discussão para os meios de comunicação de massa. Afinal, todo esforço concentrado pelas entidades infelizmente parece pequeno frente ao avanço da contaminação do vírus em nossa sociedade.

Em São Paulo, o Programa Estadual DST/AIDS, em parceria com Instituto Adolfo Lutz, lançou uma campanha com a intenção de incentivar o teste anti-HIV, que conta com o apoio de 460 municípios. A expectativa é que sejam realizados 150 mil testes até o fim da tarde desta terça-feira, 01/12. Em princípio, trata-se de uma previsão, que, espero, não seja utópica quanto à preocupação demonstrada pela sociedade civil organizada e poder público. Para se ter uma ideia, os dados do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, apontam que a incidência da doença aparece maior entre a população de municípios que possuem menos de 50 mil habitantes.

No ano passado, uma pesquisa apresentada pelo Programa Nacional DST/AIDS à Assembleia Geral das Nações Unidas desvendou que no Estado de São Paulo 42% dos portadores do vírus HIV chegavam com atraso aos serviços especializados no tratamento da enfermidade. Por isso, lembro que o diagnóstico precoce da infecção e, principalmente, o início do tratamento antirretroviral são necessários para a qualidade de vida dos portadores de HIV/AIDS. Na ocasião, acredito que seja oportuno comentar o resultado de uma pesquisa onde há a confirmação de 630 mil brasileiros portadores do HIV, sendo que deste total 255 mil ainda não conhecem seu estado sorológico.

Porém, acredito que tão importante quanto destacar ações direcionadas à adoção de campanhas e ao incentivo ao teste precoce anti-HIV seja discutir com a sociedade o forte preconceito e o estigma que cercam os portadores do vírus e os doentes de AIDS. Ainda observo que, mesmo diante de importantes conquistas frente à resposta brasileira em relação à epidemia de HIV/AIDS, como a garantia de tratamento e o aumento da sobrevida dos pacientes, todas as atividades realizadas ainda não foram suficientes para acabar com a discriminação, que, em minha opinião, é uma das grandes dificuldades que o ser humano enfrenta para entender como respeitar e amar o próximo de forma objetiva e sensata.

Para chegar a esta opinião não me fundamentei em "achismos", mas nos resultados de uma pesquisa de comportamento realizada pelo Programa Nacional de DST/AIDS que reafirma a exclusão acerca dos pacientes portadores da enfermidade. No total, foram entrevistados oito mil pessoas em todo o país, sendo que 13% do total disseram acreditar que uma professora portadora do vírus da AIDS não pode exercer sua profissão. A falta de informação e de conceito ficou evidente quando 22,5% dos entrevistados afirmaram que não se poderia comprar verduras num local onde exista um trabalhador portador do HIV. E, pior, 19% acreditavam que um membro da família doente não deveria ser tratado em casa.

Acredito que seja desnecessário lamentar a postura adotada por estes cidadãos, que se consideram "imunes" à enfermidade. Por isso, aproveito a ocasião para informar que este "problema" não se resume simplesmente às entidades da sociedade civil e do poder público que se propuseram a discutir a questão e a encarar os desafios relacionados a um tema tão polêmico. Nesta data " e em todas as outras " manifesto meu profundo respeito e minha eterna admiração por todos estes anônimos que ignoram o preconceito e o estigma visando unicamente o bem-estar do próximo, independente de qual seja sua posição social, sua orientação religiosa ou sua condição sexual. Parabéns e muita força, sempre!



*Edmir Chedid é deputado pelo Partido do Democratas

alesp