A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA NATURAL - OPINIÃO

Aldo Demarchi* Aldo Demarchi*
29/10/2001 17:20

Compartilhar:


Estudos realizados nos principais centros médicos do mundo constatam que uma das principais causas das más condições de saúde do homem moderno é o consumo de alimentos contaminados por agrotóxicos e outros produtos usados na agricultura convencional.

Preocupado com este grave problema, em 1981, quando exercia o cargo de prefeito de Rio Claro, assinei um decreto que permitiu a implantação de um projeto pioneiro e que hoje difunde-se cada vez mais em São Paulo e em outros estados do Brasil.

Trata-se da agricultura natural, técnica desenvolvida pela Fundação Mokiti Okada e que adota cinco objetivos básicos na sua aplicação: a produção de alimentos que incrementem cada vez mais a saúde do homem, sem o uso de agrotóxicos ou fertilizantes químicos; ser economicamente vantajosa tanto para o produtor quanto para o consumidor; ser praticada por qualquer pessoa e, além disso, ter caráter permanente; o respeito e a conservação da natureza; a garantia da alimentação para toda a humanidade, independentemente de seu crescimento demográfico.

Estes cinco princípios foram estabelecidos pelo Dr. Teruo Higa, professor de uma das mais importantes universidades do Japão e diretor da Fundação Mundial do Meio Ambiente. No início da década de 70, com a finalidade de combater as deficiências de solo decorrentes do plantio consecutivo de hortaliças, ele verificou que os microorganismos existentes na terra tanto podem contribuir para a vitalidade quanto para a destruição. Aos microorganismos de atuação positiva, o Dr. Teruo Higa deu a denominação de "eficazes" e acabou por transformá-los na base da agricultura natural.

As pesquisas constataram que os chamados "microorganismos eficazes" possuem capacidade de sintetização ou fermentação, tornando o solo fértil e melhorando a produção agrícola, com ampliação da quantidade de nutrientes e purificação da terra, da água e do ar.

Os resultados práticos desse método são inúmeros, mas alguns aspectos importantes da agricultura natural devem ser destacados, entre eles: a preservação do meio ambiente, pois torna desnecessário o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos; a reutilização das águas servidas e dejetos provenientes de culturas e criação dos animais e seu uso como fertilizante orgânico; o controle da erosão do solo e em superfícies onde é feita a terraplanagem; a purificação da água de esgoto e dos rios e ainda do lixo orgânico; a decomposição dos produtos químicos sedimentados pela longa utilização de agrotóxicos e fertilizantes químicos; e o combate às formigas e cupins, que são problemas constantes na agricultura na América Latina.

A maior prova, no entanto, da eficiência da agricultura natural não está em nenhum livro ou tratado científico. O exemplo maior de sua eficácia pode ser constatado em Rio Claro, onde o projeto pioneiro, desencadeado há 20 anos, cresceu e gerou frutos. Essa experiência é fundamental, por exemplo, para a Escola Municipal Agrícola "Engenheiro Rubens Foot Guimarães", que oferece ensino de quinta a oitava série em paralelo com o aprendizado de técnicas agrícolas. Esta é uma das poucas instituições de ensino do gênero mantidas pelo poder público municipal no Estado e, com certeza, boa parte do sucesso desta escola se deve ao núcleo de agricultura natural que funciona em terreno contíguo.

A experiência do núcleo original também acabou gerando um Centro de Pesquisas de agricultura natural, inaugurado em novembro de 1996 na cidade. Um dos entusiastas do método originário do Japão, Pedro Partezan, cedeu 179 hectares de sua fazenda para instalação do centro de fomento da agricultura natural. Constituído por quatro grandes blocos, realiza experimentos práticos em produção de frutas, hortaliças e cereais, dispondo ainda de laboratórios, salas de aula, alojamentos, refeitórios e outras instalações de apoio.

Como se pode observar, a agricultura natural chegou para ficar, pois reúne todos os requisitos necessários ao estabelecimento de uma nova filosofia de plantio e consumo de alimentos. E é justamente por acreditar nesse método que, desde meu primeiro mandato na Assembléia Legislativa, passei a dedicar especial atenção ao fortalecimento dessa revolucionária técnica de tratamento de solo e plantio.

*Aldo Demarchi é deputado estadual pelo PPB.

alesp