Ato Solene homenageia Josué de Castro


17/10/2005 19:51

Compartilhar:

Clique para ver a imagem " alt="Lei institui o "Prêmio e a Semana Josué de Castro de Combate à Fome e à Desnutrição" Clique para ver a imagem "> Deputado Simão Pedro<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/soljcastro241rob.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Plenário Teotônio Vilela<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Jcastro013rob.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Josué de Castro, Luiz Roberto Queiroz, Simão Pedro e Eduardo Suplicy<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Jcastro luiz roberto,simao,suplicy rob.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Ato Solene realizado nesta segunda-feira, 17/10, no Auditório Teotônio Vilela, comemorou a sanção, pelo governador, da Lei 12.045/2005, que institui o "Prêmio e a Semana Josué de Castro de Combate à Fome e à Desnutrição".

Resultado da aprovação do Projeto de Lei 300/2004, de autoria do deputado Simão Pedro (PT), a lei visa incentivar ações voltadas à formulação de soluções concretas para o combate à fome e para a promoção da segurança alimentar e nutricional.

De acordo com a propositura, serão premiadas duas categorias de iniciativas: a melhor pesquisa científica realizada por universidades ou instituições de pesquisa públicas ou privadas do Estado e o melhor programa ou projeto de política pública desenvolvido por órgãos públicos municipais ou estaduais de São Paulo. Caberá ao Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) designar a comissão organizadora dos prêmios e o júri de seleção. A lei institui ainda que a entrega do prêmio será efetuada no dia 16 de outubro de cada ano, quando se comemora o Dia Mundial da Alimentação.

Presidida por Simão Pedro, a solenidade contou com a presença de representantes de entidades governamentais e da sociedade civil que têm como objetivo lutar pela cidadania e pela extinção da fome no país.

Várias frentes pelo mesmo objetivo

No evento, Simão Pedro destacou que a instituição do prêmio resgata a memória desse tão ilustre brasileiro e tão desconhecido pela maioria. "Agora, o desafio é a regulamentação da lei pelo Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional", lembrou.

Presente ao evento, o senador Eduardo Suplicy (PT/SP) destacou que figuras como Celso Furtado, Caio Prado Júnior e Josué de Castro foram precursoras de iniciativas como a renda básica de cidadania para todos. "Os livros Geografia da Fome e Geopolítica da Fome me abriram os olhos para a percepção de que, ao contrário de se propor a diminuição da taxa de natalidade dos pobres, a questão da pobreza diz respeito à má distribuição dos recursos, e a problemas estruturais da sociedade", declarou. Citou ainda que o Programa de Renda Mínima, que, segundo ele, já tem 7,7 milhões de inscritos, abraça a mesma causa de Josué de Castro: a eliminação definitiva da fome.

O legado

Sabrina Bittencourt, da Associação Brasileira de Reforma Agrária, disse que o problema da concentração de renda tem relação com a concentração de terra e com a miséria. "Hoje, enquanto empresas produzem soja em grandes áreas do nordeste para exportar, o povo passa fome. A monocultura é perversa, prejudicial, e por isso a importância de se levar adiante a bandeira da reforma agrária. Isso vai ao encontro do pensamento de Josué de Castro, que sempre combateu o latifúndio e a monocultura, e defendeu a intensificação do cultivo de alimentos sob a forma de policultura em pequenas propriedades.

Vários representantes de entidades governamentais e da sociedade civil louvaram a iniciativa pioneira de Castro, que se mostra tão atual e estimula ações no sentido de erradicar a fome. Falaram Edgar William, do Fórum Paulista de Segurança Alimentar e Nutricional, Ester Salvador, do Projeto Memória da Fundação do Banco do Brasil, Guilherme Carvalho, representante do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e José Francisco Bersi, superintendente regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).





BOX

Quem foi Josué de Castro

Nascido em Recife no ano de 1908, Josué de Castro desde cedo teve contato com a fome e a miséria do povo nordestino. Estudou medicina na Bahia e graduou-se no Rio de Janeiro. Após um período do exercício da medicina em sua terra natal, passou a lecionar Antropologia e Geografia na antiga capital no país.

Geógrafo, sociólogo, professor e político, tendo sido deputado federal, sua mais importante luta foi contra a fome. Escreveu 29 livros, traduzidos para mais de 25 idiomas, entre eles Geografia da Fome e Geopolítica da Fome, os mais famosos. Foi um dos primeiros brasileiros a denunciar que a fome dos brasileiros não se devia à vontade de Deus ou às intempéries da natureza. "O fenômeno da fome não é conseqüência da superpopulação ou decorrente de questões climáticas ou raciais, mas um flagelo construído pelos homens em suas opções político-econômicas", escreveu.

Em discurso proferido na Universidade Nacional de Engenharia, Peru, em 1965, afirmou: "dê instrumentos, mexa a estrutura e o homem transformará a realidade adversa a que está submetido".

Indicado ao Prêmio Nobel da Paz por duas vezes, foi presidente do Conselho da Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas " FAO, entre 1952 e 1956. Tendo um vasto currículo, sua principal contribuição não só para o Brasil, mas para o mundo, foi denunciar o grave flagelo que até hoje assola a humanidade: a fome. Exilado na França em conseqüência da ditadura militar, lecionou Geografia Humana na Universidade de Paris até sua morte, em 1973.

alesp