Seminário propõe que policial deficiente físico preste serviços administrativos


06/10/2000 15:41

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A reintegração do policial deficiente físico nos serviços administrativos da própria corporação e a existência de uma política de promoções para os PMs aposentados por invalidez foram algumas das propostas apresentadas no seminário "A inserção do policial militar deficiente físico no mercado de trabalho", cujo primeiro painel foi realizado na manhã desta sexta-feira.

Segundo o deputado Cabo Wilson Morais (PSDB), organizador do evento, são cerca de duas mil famílias, no Estado de São Paulo, para as quais, "além de a aposentadoria significar uma perda, porque o policial deixa de receber gratificações só atribuídas a quem está na ativa, os gastos aumentam cerca de 40%, segundo dados da Organização Mundial de Saúde". Ele lembrou ainda que, após dois anos de tratamento, o PM é obrigado por lei a ser reformado.

O debate, que foi coordenado pelo deputado Rafael Silva (PDT), contou ainda com a participação de Ermínio Alves de Lima Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário, e de Clodoaldo Leite, coordenador da Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais (Avape). Leite disse que a transferência do policial deficiente físico para o serviço administrativo, com a continuidade de promoções, é adotada pela polícia canadense. "Cheguei a conversar sobre essa idéia com o secretário do Governo e Gestão Estratégica, Antonio Angarita, que me pareceu disposto a acolher essa proposta", afirmou.

Ermínio Lima tem experiência direta com o trabalho de ex-policiais. De novembro de 1993 a outubro de 1998, sua empresa, a New Time, foi contratada pela PM, num processo de terceirização, para realizar serviços administrativos, de modo a liberar o efetivo lotado nessa área. "Na época, contratamos cerca de 30 ex-PMs deficientes físicos para tarefas como digitação e atendimento ao público, por exemplo. A experiência deles foi muito importante e o trabalho que desenvolveram revelou sua grande capacidade", disse.

O primeiro passo para atacar o problema cabe à cidade, que deve gerar infra-estrutura para locomoção e desenvolvimento das atividades dos deficientes, acredita Ermínio. "Estamos dando hoje um pontapé no trabalho que o Legislativo pode fazer em relação à colocação do policial deficiente físico", disse o deputado Cabo Wilson, autor de uma indicação ao governador Mário Covas a favor da recontratação, no serviço interno da PM, de policiais afastados. O deputado pedetista Rafael Silva, que é a favor da regulamentação das atividades extras exercidas pelos policiais - o chamado bico -, propõe a formação de um grupo de trabalho que leve propostas ao Executivo. Uma delas seria referente à manutenção das etapas de promoção para os inativos da polícia.

alesp