Presidente da Fapesp é ouvido pela Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia


08/03/2001 18:29

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A Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia, presidida pelo deputado Vaz de Lima (PSDB), ouviu nesta quinta-feira, 8/3, o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o professor-doutor Carlos Henrique de Brito Cruz. Os principais assuntos tratados na reunião foram os problemas enfrentados pelas empresas do pólo aeroespacial do Vale do Ribeira, debatidos entre os deputados membros da comissão, o presidente da fundação e representantes de empresas ligadas ao setor.

"Esta reunião é resultado da visita que fizemos a São José dos Campos e região, durante a qual constatamos os problemas enfrentados pelas empresas e órgãos de pesquisa ligados ao setor aeroespacial", lembrou o deputado Carlinhos Almeida (PT).

Brito Cruz explicou que, dos investimentos realizados em pesquisa científica e tecnológica no Estado, "a Fapesp atua em conjunto com os órgãos federais Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sendo que somos responsáveis por um terço dos investimentos. Mas o governo federal está, gradativamente, diminuindo sua participação na promoção do desenvolvimento tecnológico em São Paulo. Estamos, verdadeiramente, sendo discriminados pela União".

A deputada Mariângela Duarte (PT) disse que "um dos resultados dessa discriminação é a drástica redução nos quadros dos institutos de pesquisa. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), por exemplo, perdeu 500 de seus funcionários, cerca de metade deles pesquisadores".

O presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (Aiab), Walter Bartels, afirmou que o Brasil precisa pôr em prática um plano nacional para o setor. "Temos um grande mercado consumidor para esta indústria e praticamente tudo está sendo importado. Ao contrário do que ocorre atualmente, o capital, tanto privado como público, deveria ser aplicado aqui, ajudando no desenvolvimento de tecnologia própria, e não contribuindo para o avanço da tecnologia no exterior", disse Bartels. O presidente da Aiab explicou que "o setor divide-se entre as indústrias aeronáutica, de defesa e espacial. O retorno dos investimentos de longo prazo realizados no setor aeronáutico são visíveis, basta ver a competitividade demonstrada pela Embraer, inclusive no mercado externo. É esse ciclo de investimento que precisa ser implantado nas outras áreas".

Elso Alberti Junior, diretor-adjunto industrial da empresa aeroespacial Avibras, declarou que "existem políticas para o setor, mas estão no papel. O que existe de fato é descaso mesmo. Julgam a indústria nacional pouco qualificada, privilegiando-se a importação. Esquece-se que desenvolver tecnologia no país gera riqueza, ciência e conhecimento".

alesp